“Ainda é cedo para dizer se a Languiru vai conseguir se reerguer”, afirma presidente Paulo Birck

Segundo o liquidante, a cooperativa precisa de tempo para quitar os credores e se restabelecer no mercado


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Presidente e liquidante da Cooperativa Languiru, Paulo Birck (Foto: Nícolas Horn)

Em entrevista ao Acorda Rio Grande desta segunda-feira (26), o presidente e liquidante da Cooperativa Languiru, Paulo Birck, juntamente com o advogado Gilberto Keller, que faz o intermédio da negociação com a JBS, falaram do rumo dos negócios, venda dos ativos e quitação dos credores.

O faturamento da cooperativa diminuiu significativamente se comparado a 2022, quando foi de R$ 2 bilhões. Em 2023, a Languiru deve fechar em apenas R$ 1 bilhão e para os próximos anos o faturamento deve ser menor ainda. Projeções indicam números entre R$ 40 e 50 milhões ao mês.

De acordo com Birck, ainda é cedo para dizer se a Languiru vai conseguir se recuperar da crise, uma vez que a cooperativa precisa de tempo para quitar os credores e se restabelecer no mercado.

Birck entende que o maior impacto nos associados foi a descontinuidade do trabalho na área de suínos, mas que ao conseguir efetivar a venda da planta de abates será um respiro financeiro importante para a cooperativa.

Já Keller ressaltou que esse setor era o que mais absorvia a necessidade de capital da Languiru, o que tornou insustentável a manutenção dos serviços.

Nesse contexto, a Languiru busca uma parceria com governo do estado e, no momento, há um projeto na Assembleia Legislativa, que visa a liberação de alguns créditos fiscais para as empresas que possuam negociação com a Languiru, em troca de investimentos no estado. O projeto está em regime de urgência e a expectativa é que ele seja votado ainda em março. Segundo Birck, essa seria a forma do governo auxiliar na situação da cooperativa.

Essa ação beneficiaria as tratativas com a JBS, que tem interesse em investir no setor de suínos. Como garantia, a Languiru incluiu a condição de absorção de 100% dos produtores vinculados à cooperativa. A ideia é que até junho deste ano, a negociação seja concluída.

Já no setor das aves, o contrato com a JBS está garantindo 75 mil abates por dia, fazendo com que os custos sejam diluídos. “Não adianta querer ter um frigorífico do tamanho de Westfália para abater somente 25 ou 30 mil aves. Nesses moldes, ele vinha dando prejuízo de 4 ou 5 milhões de reais”, salientou Birck.

Além disso, o presidente afirmou que seguem buscando novas parcerias e esperam que até maio de 2024 o frigorífico esteja trabalhando em dois turnos, abatendo até 150 mil aves por dia.

O setor do leite “está funcionando muito bem com a parceria com a Lactalis”, destacou Birck. Segundo ele, os produtores estão recebendo em dia e espera que, com a diminuição dos estoques em todo o estado, o preço volte a ser mais favorável ao produtor ainda neste semestre.

Até abril, a auditoria deve fornecer um parecer sobre a investigação de possíveis irregularidades na gestão anterior da Languiru. Dependendo da decisão, assembleias podem ser anuladas e decisões revertidas.

Birck ainda convocou os associados para assembleia a ser realizada em 28 de março, nos turnos manhã e tarde.

Texto: Fernanda Kochhann
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