Dona Romilda Winter Felipe foi impedida de embarcar em um ônibus da empresa Ereno Dörr na manhã da última segunda-feira (20). A mulher de 65 anos começou a catar lixo há cerca de um ano, após o assassinato de seu filho. No dia que em que foi impedida de ingressar no coletivo, a moradora do bairro Santo Antônio carregava duas sacolas com latas que seriam comercializadas.

“Tenho um vizinho que trabalha na Univates e tinha separado as latinhas para mim. Na volta, quando fui subir na parada, logo abaixo da Ereno, um fiscal veio e disse que não me deixaria entrar. Eu não disse nada porque fui criada para ser educada e eu não respondi”, relata a senhora.

Foram uma hora e 10 minutos de caminhada do bairro São Cristóvão até a sua casa no bairro Santo Antônio. Dona Romilda conta que acorda todos os dias às 5h para catar o material reciclável nas redondezas do seu bairro.

Ela diz que foi a primeira vez que passou por uma situação como essa. “Foi a primeira vez e agora eu também nem vou mais. Agora outras pessoas sujas, mais novas, vem todos os dias. Agora eu era a primeira vez e ele não me deixou entrar”, reclama.

Dona Romilda mora sozinha e começou a catar material reciclável como forma de complementar a renda. Ela fala que já conseguiu até R$ 90 com a venda do lixo após 15 dias de coleta. “Eu me viro. Os outros estão todos dormindo e eu estou trabalhando. Eu me viro mesmo, mas fiquei muito triste com este fiscal ter me proibido de subir no ônibus”, lamenta.

A empresa alega que foi um mal entendido. Conforme o chefe dos transportes da Ereno Dörr Gerson Mayer, não há nenhuma orientação para os fiscais impedirem a entrada de catadores e que inclusive realiza este tipo de transporte. Já em conversa informal com um colaborador da empresa, a justificativa foi que as sacolas poderiam incomodar as outras pessoas do coletivo. NH

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