Depois do temporal de 16 de janeiro, que deixou milhares de moradores do Vale do Taquari sem luz por vários dias, a Cooperativa Certel vai reforçar um trabalho que já tinha iniciado com as prefeituras em sua área de concessão. O objetivo é trabalhar a conscientização e realizar a poda de árvores que oferecem risco à rede de energia elétrica.
Conforme o diretor operacional de energia da Certel, Simão Pedro Diel, e o coordenador de meio ambiente, Ricardo Jasper, pelo menos três municípios procuraram a Certel para a realização de um trabalho de conscientização, com folders e palestras educativas.
A partir de fevereiro, a cooperativa vai ampliar essa iniciativa, em contato com as demais prefeituras, usando o exemplo do que já foi feito nessas três cidades iniciais. Com 76 mil associados, a Certel atua em 48 municípios na área de energia.
Um dos desafios é vencer a resistência de moradores que não querem a poda de árvores que ficam dentro de suas propriedades. “Nós temos locais ainda no interior onde você tem um mato de eucalipto alto perto da rede, que já deu problema naquele local, faltou energia. Nós fomos lá fazer a limpeza, e o próprio associado não autoriza”, Diel conta.
Segundo o diretor, com este último temporal, surgiram movimentos interessantes de vizinhos em algumas comunidades para sensibilizar essas pessoas. Em alguns casos, até com abaixo-assinados. “Às vezes, uma árvore de um associado que está depois da propriedade dele cai na rede e ele ainda fica com energia, mas deixa 500, até mil pessoas sem energia. As comunidades estão enxergando isso”, percebe Diel.
No evento climático em questão, 46 mil associados da Certel ficaram sem energia elétrica na noite daquela terça-feira, 16 de janeiro. Com um esforço coletivo das equipes da cooperativa, no outro dia de manhã, restavam cerca de 8mil por volta das 7h30 e na quinta, no mesmo horário, já eram 4 mil. A empresa de eletrificação de Teutônia conseguiu concluir o restabelecimento até a sexta-feira (19).
A força dos ventos avariaram 44 postes de concreto da Certel. A rede completa da cooperativa tem 76 mil postes, em 5,6 mil quilômetros de extensão.
Falta de legislação específica
A falta de legislação em muitas cidades é um problema quando se trata de árvores e fiação elétrica. No interior e nas faixas de domínio das rodovias, há necessidade de deixar um perímetro de 7,5 metros para cada lado do poste, totalizando 15 metros livre de árvores. Porém, nas áreas urbanas, a delimitação não é muito clara dentro dos planos diretores.
“Arborização urbana é interessante, mas também gera muitos conflitos porque não há um planejamento razoável sobre isso. Não há uma legislação que trate especificamente do conflito da arborização com redes elétricas em muitos municípios”, Jasper constata.
Geralmente, árvores nativas não causam tantos problemas como espécies exóticas, como eucaliptos, pinos e acácias.
