Conforto cognitivo e seus impactos no mundo corporativo

As organizações que se apegam ao jeito que sempre fizeram e que resistem à mudança, correm o risco de declínio e de ficarem pelo caminho


0
Gustavo Bozetti (Foto: Fernanda Kochhann)

No dinâmico mundo corporativo atual, onde a mudança é constante e a incerteza é a única certeza, o conceito de conforto cognitivo desempenha um papel significativo nas decisões e comportamentos organizacionais. Daniel Kahneman, renomado psicólogo e economista comportamental, introduziu o conceito de conforto cognitivo como uma tendência humana fundamental em sua obra “Rápido de devagar”.

No mundo corporativo, o conforto cognitivo pode se manifestar de várias formas. Uma delas é a resistência à mudança. As organizações podem se tornar confortáveis com o estado atual e resistentes em adotar novas estratégias, tecnologias ou práticas de negócios, mesmo quando há evidências claras de que a mudança é necessária para a adaptação e o crescimento.

Além disso, o conforto cognitivo pode influenciar a tomada de decisões. Os líderes e funcionários podem se apegar a ideias preconcebidas ou soluções convencionais, evitando explorar novas abordagens ou considerar perspectivas alternativas. Isso pode limitar a inovação e impedir que a organização se adapte a novos desafios e oportunidades.

Um exemplo emblemático de conforto cognitivo no mundo corporativo é a história da Blockbuster e da Netflix. Durante anos, a Blockbuster reinou como líder indiscutível no aluguel de filmes e entretenimento doméstico. No entanto, a empresa foi lenta em reconhecer e se adaptar às mudanças no mercado, especialmente o surgimento da transmissão de vídeo on-line.

Enquanto a Blockbuster estava confortável com seu modelo de negócios tradicional de aluguel de DVDs em lojas físicas, a Netflix estava revolucionando a indústria com seu serviço de streaming de vídeo sob demanda. Apesar dos sinais claros de mudança no comportamento do consumidor e avanços tecnológicos, a Blockbuster falhou em se ajustar, subestimando o impacto do streaming de vídeo e a preferência dos consumidores por conveniência e escolha.

Enquanto isso, a Netflix abraçou a mudança, investindo em tecnologia e conteúdo digital para se tornar a líder indiscutível do mercado de streaming de vídeo. O resultado foi a falência da Blockbuster e o surgimento da Netflix como uma potência global no entretenimento digital.

Outro exemplo são as empresas regionais que ainda resistem em entrar no mercado de vendas on-line. No dia último dia 24, meu filho Tiago completou 9 anos. Ele joga um jogo on-line chamado Roblox e, nele, encontra colegas e amigos de forma virtual. Em chamada de vídeo, eles se organizam para cumprir as tarefas do jogo. Daqui uma década, meu filho estará com 19 anos. Será que ele terá o mesmo comportamento de consumo que nós, fazendo compras de supermercado, por exemplo? Ou será que ele fará isso de maneira virtual? E daqui 20 anos, como será a residência do meu filho? Será que ele irá usar automóvel próprio?Compreender este cenário é fundamental.

Este exemplo, assim como o caso da Blockbuster e da Netflix, ilustram perfeitamente os perigos do conforto cognitivo no mundo corporativo atual. As organizações que se apegam ao jeito que sempre fizeram e que resistem à mudança, correm o risco de declínio e de ficarem pelo caminho. Para prosperar em um ambiente de negócios em constante evolução, é essencial que as organizações desafiem o conforto cognitivo, cultivando uma cultura de abertura à inovação, aprendizado contínuo e adaptação ágil. Ao fazer isso, as empresas podem não apenas sobreviver, mas também prosperar em meio aos desafios do mundo corporativo moderno. E você? Costuma se deparar com o conforto cognitivo ou está pronto para as mudanças que se fazem necessárias? Pense nisso. Forte abraço e até a vitória, sempre.

Texto por Gustavo Bozetti (@gustavobozetti), diretor da Fundação Napoleon Hill e MasterMind RS

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Por favor, coloque o seu nome aqui