Dia dos Povos Indígenas é um momento de reflexão que marca o sofrimento dos antepassados, afirma cacique Vergilino Nascimento

Data é celebrada nesta sexta-feira (19); quase 60 famílias residem na Aldeia Foxá, em Lajeado


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Cacique da Aldeia Foxá de Lajeado, Vergilino Nascimento (Foto: Fernanda Kochhann)

Em entrevista ao Panorama desta sexta-feira (19), o cacique da Aldeia Foxá de Lajeado, Vergilino Nascimento, falou sobre a cultura e as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas.

Nesta sexta-feira (19) celebra-se o Dia Nacional dos Povos Indígenas, momento que para Vergilino é de reflexão e lembrança sobre o sofrimento dos antepassados, todo o sangue derramado, e uma oportunidade para defender os direitos de seu povo.

Vergilino é natural de Nonoai, onde se concentra o segundo maior povo indígena do Rio Grande do Sul. Na região de Tenente Portela se concentra a maior população indígena do estado.

O cacique morou em Nonoai até os 20 anos, mas a aldeia era bastante precária e decidiu sair para conhecer cidades maiores. Por volta de 1998, se estabeleceu em Lajeado com a esposa e os filhos. Aqui, viu oportunidade de trabalho em grandes empresas.

No início não foi fácil a adaptação a um novo espaço e a aceitação das pessoas da região à cultura que Vergilino e seu povo trouxeram para Lajeado. As vivências e a linguagem eram muito diferentes. No entanto, hoje Vergilino já sente um respeito maior da sociedade

Vida na aldeia

São quase 60 famílias residindo na Aldeia Foxá. Lá, eles preservam muito a cultura e mantém a fala da língua Caingangue.

O cacique é escolhido pela comunidade indígena, mas ele não pode se oferecer ou se candidatar. O tempo é indeterminado, pois depende do trabalho desenvolvido pelo líder. Se não for satisfatório, é substituído.

Atualmente, os membros da aldeia produzem artesanato para a venda e muitos se mantém com essa renda. Os mais jovens estão buscando oportunidades de trabalho em empresas que, atualmente, são bem receptivas.

Vergilino afirma que seu povo está muito feliz na aldeia, mas tem uma grande dificuldade com o abastecimento de energia. Segundo o cacique, eles não se opõem ao pagamento, mas precisam da regularização. Já pediram ajuda na Câmara de Vereadores e no Ministério Público, mas até o momento, a situação não foi resolvida.

Texto: Fernanda Kochhann
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