Do que realmente precisamos?


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Foto: Pixabay

Há algum tempo, eu ouvi uma anedota que dizia mais ou menos o seguinte: uma avó está com a netinha na praia. A menina corre para o mar e as ondas a levam. Imediatamente, a avó suplica a Deus que lhe devolva a neta. As próximas ondas a trazem de volta. A avó suspira aliviada, mas completa dizendo: “Ah, poderia ter devolvido também o chapeuzinho”.

Queremos ter tudo, o tempo todo. Quando perdemos algo valioso, parece que seu valor se multiplica. Mas basta recuperarmos, e rapidamente nossa capacidade de valorizar o mais importante parece se esvair.

Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga (Foto: Tiago Silva)

Essa característica nos diferencia dos animais, que se saciam quando têm suas necessidades atendidas, enquanto nós, humanos, vivemos em busca dessa saciedade que não chega. No entanto, parece que hoje isso que seria um movimento natural e saudável em busca de realizações tem se tornado um ritual extremamente cansativo, que não satisfaz nem parcialmente.

No mundo do trabalho, não é diferente. As exigências incessantes vêm de todos os lados, de dentro para fora e de fora para dentro. O “trabalhe enquanto eles dormem” vira um mandamento e escraviza, fazendo sofrer.

O perigo de não conseguir avaliar se precisamos realmente de tudo o que achamos que precisamos é que, na ânsia por recuperar o chapeuzinho da menina, acabamos avançando para dentro do mar, nadando feito loucos e, muitas vezes, nos afogando.

Enquanto não descobrirmos aquilo que tem realmente a ver com o nosso desejo, seguiremos nessa busca apressada e caótica, correndo sem saber pra onde.

Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga

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