É possível ser espontâneo num mundo de prescrições?

Confira a análise da jornalista e psicóloga Tamara Bischoff, que reflete sobre a atualidade da disponibilidade de soluções para todas as situações. Mesmo quando não as procuramos, essas soluções acabam por encontrar-nos


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Na minha última participação aqui, falei aqui sobre a tempestade de prescrições que nos acomete enquanto sociedade. Hoje, existe receita pra tudo, e mesmo sem buscá-las, elas chegam até nós.

O problema é que quando seguimos essas receitas que vêm de fora sem questionar, corremos o risco de perder uma característica importante e que tem ficado mais escassa nos dias de hoje: a espontaneidade.

Dizem que Voltaire, um dos mais importantes filósofos iluministas, ao ser questionado sobre qual seria o ideal de beleza, teria respondido: para o sapo o ideal de beleza é a sapa. Podemos usar essa afirmação para pensar que tem coisas que são da nossa natureza e das quais não precisamos abrir mão para sermos amados.

Você não precisa usar salto alto para parecer uma profissional de sucesso se odeia usar salto. Não precisa passar horas na academia para ficar com os músculos hipertrofiados se o seu negócio é jogar vôlei ou futebol com os amigos.

E será que é possível ser espontâneo sem viver numa bolha? Acredito que sim, e para isso, cada um deve encontrar sua maneira. Não tem problema você querer ser um sapo ajeitadinho, treinar uns pulos mais impressionantes pra se exibir, coaxar mais alto que os outros, mas a questão é que, ainda assim, você será um sapo. Então, em vez de gastar muita energia tentando ser outro bicho, procure conhecer seu potencial e invista nisso.

Quando agimos assim, estamos dizendo que acreditamos em nós e que bancamos nossas posições, o que, convenhamos, é o tempero mais especial em qualquer receita, porque é único.

Por Tamara Bischoff

 


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