Em busca de diversidade no ambiente de trabalho, empresas utilizam anonimato no recrutamento de pessoas

O objetivo é eliminar possíveis vieses inconscientes


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Foto: Ilustrativa/Freepik

Muito se fala da importância de valorizar a diversidade no mercado de trabalho. Além de permitir oportunidades a todos os grupos, e especialmente às minorias, um ambiente profissional com variedade de pessoas garante diferentes olhares para o negócio, o que pode representar um grande diferencial competitivo.

Um exemplo vem do Hospital Sírio-Libanês, que tem utilizado, há cerca de um ano, uma modalidade de processo seletivo que preserva nome, idade, raça e gênero do candidato desde o recrutamento até o finalzinho da seleção. O anonimato é garantido com a ajuda de uma plataforma on-line que utiliza um avatar no lugar da imagem do candidato e distorção da voz no momento da entrevista. A revelação de sua identidade acontece apenas na fase final, quando só resta um pequeno grupo na disputa.

De agosto de 2022 a março de 2023, quando foi testado, mais de 90 pessoas participaram desse tipo de seleção. E os resultados confirmaram que o método consegue promover uma equipe mais diversa, motivo pelo qual foi estendido a todas as contratações.

O objetivo é eliminar possíveis vieses inconscientes no recrutamento, fazendo com que os gestores se forcem a acionar diferentes elementos na hora da tomada de decisão, que não aqueles que já estavam fixados na sua mente. Os processos ocultos de recrutamento fazem pensar no quão difícil é abandonarmos nossas ideias pré-concebidas a respeito das coisas. Por mais que possamos nos imaginar como pessoas abertas, algo sempre nos escapa, justamente por habitar nosso inconsciente. Logo, pode ser que um determinado recrutador não tenha preconceitos raciais ou de gênero, mas lá pelas tantas, pessoas de determinado porte físico podem lhe parecer mais ou menos capazes, de acordo com algo muito particular de sua história. Nesse sentido, ser neutro parece impossível.

É claro que para adotar esse tipo de seleção, é preciso que a empresa tenha uma cultura voltada à inclusão, caso contrário, o processo resultará em uma ação isolada que não contribuirá de fato para promover a diversidade.

Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga

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