Encontrando luz em meio à dor: Reflexões de Freud sobre a vida e a importância da luta por uma existência mais plena

Jornalista e psicóloga Tamara Bischoff faz uma reflexão sobre após as notícias de violência


0
Foto: Ilustrativa/Divulgação

Nessa semana, após as notícias de violência que nos impactaram, confesso que ficou difícil de pensar qualquer coisa para trazer a este quadro. Cogitei não participar do programa, estava sem ânimo mesmo, sem energia para investir no mundo, que me parecia tão assustador, tão cruel.

Então lembrei de uma passagem, atribuída a Freud e um de seus pacientes. Conta-se que o homem se queixava da vida, da sensação de vazio, das incertezas amorosas, das dúvidas quanto ao futuro, das ameaças à integridade, da angústia. “A vida é isso, e você quer que eu viva isso?”, teria perguntado o paciente ao analista. “Você tem toda razão, a vida é isso mesmo, eu só não sei por que você tem que morrer por causa disso. Tem vazio, tem mal-estar, tem angústia, mas você não precisa ficar doente por causa disso”, respondeu Freud.
Eu entendo essa mensagem não no sentido de negar ou minimizar nossas dores, ou ainda de reforçar aquela ideia preconceituosa de que a pessoa que sofre psiquicamente o faz por uma escolha deliberada. E quem me acompanha por aqui sabe do meu posicionamento favorável a que se dê espaço à dor, ao vazio, ao tédio, muitas das coisas que nossa sociedade abomina.
Acredito que o que Freud quis dizer é que apesar de tudo, de toda dor que a vida pode trazer consigo, de todas ameaças que nos desestabilizam, precisamos encontrar meios de seguir apostando que existe alguma luz e que ela não precisa estar no fim do túnel. Mas além de apostar, nós precisamos batalhar por ela, porque a vida é trabalho, é esforço contínuo.
Que os episódios que abalam nossas estruturas resultem em movimentos efetivos, reflexões profundas, debates e também em ações, das nossas casas para o mundo.
Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Por favor, coloque o seu nome aqui