É bom ou ruim. Bonito ou feio. Quando circulamos pelo mundo enxergando as coisas assim, de maneira antagônica e excludente, perdemos a oportunidade de aprofundar nossa compreensão da vida. Não se engane. Nada é tão simples, ainda que possa nos confortar mais a ideia de que seja.
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Um psicanalista com o qual eu estudo, o Lucas Napoli, escreveu que são os imaturos que enxergam o mundo dessa forma binária. “Quanto mais madura é uma pessoa, menos afirmações categóricas e absolutas ela é capaz de fazer sobre si, sobre o mundo e sobre os outros”, disse ele.
No início da vida, é natural que não tenhamos essa compreensão mais integrada das coisas e das pessoas. Então, entendemos o mundo à nossa volta como uma coisa ou outra: em um momento é ruim, em outro é bom. Só que à medida que vamos crescendo e nos desenvolvendo física e psiquicamente, percebemos que as coisas não funcionam bem dessa maneira, porque a mesma mãe que alimenta e dá colo também diz “não”, ou seja, frustra. E com experiências gratificantes e frustrantes, vamos fazendo isso que, em psicanálise, chamamos de integração.
Teve um dia que a minha filha, que acabou de completar seis anos, disse assim: “Mãe, tu é um monstro do bem!”. Eu achei a afirmação dela ótima, me mostrou que ela entendeu bem esse negócio aí.
Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga