“Isso aqui virou um frigorífico, a ‘Curva da Morte’ não deixa ninguém para contar história”, afirma caminhoneiro por mortes em Muçum

Cruzes e faixas levadas pelo grupo, foram fixadas na lateral da ERS-129, km 86, para chamar a atenção dos motoristas sobre os riscos do trajeto


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Dezenas de pessoas participaram na manhã deste sábado (6) da manifestação organizada por um grupo de caminhoneiros e comunidade de Muçum e arredores. Após a concentração no Posto Sander, o grupo caminhou até o km 86, na “Curva da Morte”, levando cruzes e faixas. Ao chegar no local, houve um curto bloqueio da rodovia por 6 minutos, para que os participantes fizessem uma oração de mãos dadas, além de manifestarem indignação por tantas vidas perdidas.

Conforme o policiamento rodoviário estadual, o bloqueio gerou cerca de dois quilômetros de congestionamento, mas fluiu rapidamente logo em seguida. As cruzes e as faixas foram fixadas na lateral da rodovia para chamar a atenção de quem trafega no local. Em seguida, a manifestação pacífica foi encerrada.

Um dos organizadores, o caminhoneiro Paulo Melo, que também é morador de Muçum, afirmou que desta vez o protesto foi feito de forma tranquila, mas caso nada seja feito, uma nova e mais enérgica manifestação deverá ocorrer. Por outro lado, ele agradeceu o apoio de todos e aguarda resultados após saber da divulgação feita pela EGR ainda nesta sexta-feira (5), informando que irá instalar 16 placas no trajeto, além de avaliar a instalação de rampas de escape.

A presença da assessoria do deputado Guilherme Pasin (PP) – autor do projeto de lei que permite a construção de áreas de escape no RS, aprovado de Assembleia legislativa em fevereiro de 2024 e sancionado pelo governador Eduardo Leite em março de 2024 -, também gerou esperança ao caminhoneiro. “Isso aqui virou um frigorífico, a ‘Curva da Morte’ não deixa ninguém para contar história. Temos que mudar isso. Prometeram que até fevereiro vão tomar providências. Isso significa que essa manifestação já alcançou parte dos objetivos”, disse emocionado.

 

Devido à importância da reivindicação e o triste histórico vivenciado com tantas perdas, o prefeito de Muçum, Mateus Trojan – que já acompanha e sugere a demanda desde quando era vereador –, também esteve presente para apoiar a causa. Ele inclusive participou da caminhada carregando uma das cruzes. “É hora dessa demanda ser prioridade por parte da EGR que tem o domínio da rodovia, pois o município não tem a capacidade técnica, nem financeira e nem o domínio para poder fazer uma intervenção direta. Esperamos a solicitação seja tratada como prioridade e se consiga um reforço da sinalização.

Morador de Muçum, Domingos Fontana (75) era um dos mais emocionados. Talvez por ver de perto, por muitos anos, tantas pessoas perderem a vida e famílias chorando a morte de entes queridos. “Vamos pedir ajuda para o Brasil inteiro, para o governo federal e do estado, pois o município tem um matadouro de gente aqui”, lamenta.

Saiba mais

A manifestação foi motiva após a morte de duas pessoas nesta semana, próximo ao trevo de acesso a Muçum. A fatalidade ocorreu quando um caminhão carregado com produtos de limpeza saiu da pista e tombou na lateral, derramando parte do material sobre a pista de rodagem, na margem e para baixo, em um arroio que desemboca no Rio Taquari.


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