Lajeado é pioneiro no país em formato de implementação do Pacto pela Paz

Programa foi apresentado oficialmente em coletiva de imprensa e evento nesta segunda-feira (10).


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Iniciativa de prevenção e repressão ao crime é apresentada à comunidade de Lajeado (Foto: Rafael Grün / Divulgação)

Para melhorar o mundo é preciso começar pelas cidades. Lajeado já está nesse caminho. O Projeto Pacto Lajeado pela Paz, uma iniciativa da Prefeitura de Lajeado em parceria com diversas entidades, lançado na noite de segunda-feira (10), será o propulsor dessa ideia na prática. A cerimônia de apresentação oficial das ações foi realizada no auditório do Sicredi Integração, no Bairro São Cristóvão, em auditório lotado de autoridades e convidados, que acompanharam a apresentação do grupo Alegria de Viver da Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Slan).


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O Pacto Lajeado pela Paz quer estimular e promover a criação de uma cultura de paz no município e tem dois grandes eixos: a aplicação da lei e a prevenção, que são alicerçados na Prevenção Social, Urbanismo, Fiscalização Administrativa, Tecnologia e Policiamento e Justiça.

Com um olhar para as futuras gerações, Caumo ressalta que ações do programa são de longo prazo (Foto: Rafael Grün / Divulgação)

Segundo o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, através das análises dos indicadores de cada um dos objetivos, a comunidade poderá acompanhar mês a mês como os objetivos serão atendidos. “São números bastante arrojados e interessantes. A meta é treinar em um ano 10 mil crianças. E a partir do link com o Promove, oferecerá também a educação empreendedora. Aproveitamos esse treinamento para incluir várias vertentes de forma exclusiva no município. No primeiro ano, o investimento é mais expressivo e depende da elaboração da metodologia e capacitação dos profissionais. Então, o custo fica em torno de R$ 100,00 por criança. Temos interesse em capacitar 10 mil alunos, então, o valor chegará a R$ 1 milhão de investimentos.”

Conforme o secretário de Segurança Pública de Lajeado, Paulo Locatelli, existem vários programas soltos pelo município — alguns trabalhando com jovens, adolescentes e outros com adultos. A ideia e unir todos eles. “Já no que se refere à segurança, a partir do momento que temos tabulado todos os dados estatísticos, todos os crimes e ocorrências, conseguiremos medir o antes e o depois do Pacto. Por isso, a cada mês, receberemos os dados da polícia para tabular. Com o conhecimento desses índices, nós georeferenciamos os dados para verificar como cada polícia irá trabalhar e agir preventivamente. O que queremos é a melhora da segurança através da união de esforços”, explica Locatelli.

Para o consultor Alberto Kopittke, diretor executivo do Instituto Cidade Segura — ONG que atua na área da segurança pública, contratado pela Prefeitura de Lajeado para ajudar na condução do programa —, ele é diferente do que se está acostumado a lidar com segurança pública no Brasil, que é com ideias milagrosas que não funcionam. “Aqui estamos falando de um projeto permanente com resultados de curto, médio e longo prazo. Claro que algumas ações serão sentidas como por exemplo as questões de fiscalização dos órgãos de fiscalização da prefeitura com o apoio da polícia ao longo das noites pelo menos uma vez por semana. Será um plantão integrado nas ruas, a partir do último fim de semana de junho, de forma bem forte atuando em bares, boates, a questão de menores em lugares inapropriados, consumo de álcool e perturbação do sossego. No início de 2020, todas as escolas vão começar ao mesmo tempo a participar dos cursos, assim com as famílias. Assim o Pacto será sentido de forma mais cotidiana”, afirma.

Alberto Kopittke, diretor executivo do Instituto Cidade Segura (Foto: Rita de Cássia)

Kopittke também acredita em uma Lajeado antes e depois do Pacto. O que está sendo desenvolvido é algo que vai marcar um período não só para a cidade, mas para todo o Estado, pela força e qualidade técnica. Está se trazendo algumas das melhores experiências que já ocorreram em outras cidades do mundo e aqui chegarão com muito mais força. No Rio Grande do Sul, começou em Canoas, Pelotas e agora Lajeado, que é a primeira no país a aplicar todas as metodologias”, completa Kopittke.

 

Coletiva de imprensa

Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (10), a administração de Lajeado adiantou detalhes sobre o Projeto Pacto Lajeado pela Paz, apresentado oficialmente durante a noite. O encontro reuniu o prefeito de Lajeado Marcelo Caumo (PP), o diretor executivo do Instituto Cidade Segura, Alberto Kopittke, a vice-prefeita de Lajeado, Gláucia Schumacher, e o secretário de Segurança Pública do município, Paulo Locatelli. A coletiva foi realizada no auditório da prefeitura.

Prefeito Marcelo Caumo e a vice, Gláucia Schumacher, em coletiva de apresentação do projeto (Foto: Natalia Ribeiro)

Diante de uma pesquisa da Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social de Lajeado, que apurava indicativos como emprego, renda e educação, divulgada ano passado, a Prefeitura percebeu que deveria agir para garantir uma cidade com mais qualidade de vida à população. Segundo o prefeito Caumo, “alguns indicadores nos deixaram muito preocupados. Eles levavam em conta idade escolar versus capacidade cognitiva das crianças, violência contra a mulher e consumo de drogas pelos adolescentes”. Assim surgia o Pacto pela Paz.

Ao procurar programas exitosos no combate à criminalidade e à diminuição de índices policiais no Rio Grande do Sul, a administração encontrou o projeto desenvolvido em Pelotas, na Região Sul do estado. O Instituto Cidade Segura, que desenvolveu o plano, foi procurado pela Prefeitura. Desde fevereiro, ocorreram 47 reuniões de planejamento, com a participação de aproximadamente 350 pessoas. O contrato com a ONG foi firmado em março, num investimento de R$ 230 mil, na primeira etapa.

O Projeto Pacto Lajeado pela Paz leva em conta indicadores do município, baseados em registros policiais. Assim, foram definidos cinco eixos de atuação: prevenção social, urbanismo, fiscalização administrativa, tecnologia e policiamento e justiça. Consultor da ONG, Kopittke diz que o sucesso do trabalho dependerá de integração, seja entre as forças de segurança, do poder público ou da comunidade.

Em Lajeado, conforme ele, o foco estará na redução de homicídios, da violência contra a mulher, da vulnerabilidade juvenil, da perturbação do sossego e dos pequenos delitos e no combate ao tráfico de drogas nas escolas. “A cidade, como todo o estado, entrou na epidemia de violência. Nenhuma cidade está fora disso e Lajeado, pelas suas potencialidades econômicas, atrai mais violência”, coloca o consultor.

Longo prazo

“O pacto não é uma coisa de governo. Ele é um pacto que tem que ser da cidade. Todas as experiências exitosas até hoje ultrapassam um governo”, destaca Kopittke. A expectativa, a partir do projeto montado, é de que Lajeado tenha uma década de ações do Pacto Pela Paz. A iniciativa, que começa na gestão de Caumo, deverá ultrapassar governos. Pelo menos é o que esperam os proponentes.

A iniciativa será dividida em dois momentos: fiscalização e prevenção. A primeira delas, com início previsto para os próximos dias. O secretário de Segurança Pública de Lajeado, Paulo Locatelli, destaca que “para não aumentar a causa e a doença, precisamos tratar no início”. Plantões semanais de fiscalização ocorrerão nas madrugadas, com foco nas crianças e nos adolescentes, bem como no consumo de drogas pelos menores e na perturbação do sono.

Secretário de Segurança Pública, Paulo Locatelli destaca ações de prevenção (Foto: Natalia Ribeiro)

Depois, cerca de mil servidores públicos serão treinados para atuar com as crianças, em ações de educação dentro e fora de sala de aula. Cento e cinquenta trabalhadores da Saúde serão preparados e mais 800 vinculados à pasta de Educação. O aperfeiçoamento deverá ser finalizado em fevereiro de 2020 e aplicado a partir de então.

Segundo o Instituto Cidade Segura, que desenvolveu o projeto, há a previsão de abranger dez mil crianças e adolescentes do município. Com relação às iniciativas nas escolas, no primeiro ano, de 2020, devem ser investidos R$ 100 por aluno. Cada um receberá livros e materiais de apoio visando a aplicação do modelo, que será próprio. Lajeado será a primeira cidade no país a ter um modelo próprio de educação.

Confira as medidas que integram o Pacto Lajeado pela Paz

  • Treinamento parental a pais e mães de crianças desde a gestação a até 3 anos;
  • Estímulo cognitivo, com kit de livros, para crianças e mães nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis);
  • Desenvolvimento do Programa Socioemocional em toda a rede escolar, com 20 sessões anuais, do 1º ano 9º ano do Ensino Fundamental, desenvolvendo habilidades de convivência, empatia, e controle da violência;
  • Aplicação do Programa Cada Jovem Conta, com oferta de saúde, educação e assistência para detectar jovens com comportamento de risco;
  • Plano socioeducativo com 85 jovens de Lajeado que cumprem medidas;
  • Iniciativa no Presídio Estadual de Lajeado, com a criação de espaços saudáveis.
  • Ações integradas nas escolas com foco no empreendedorismo, pelo Pro-Move. RC/NR

VÍDEO: Grupo Alegria de Viver, da Slan

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