Mandante pediu autorização a líder de facção criminosa para matar, afirma promotor que foi baleado em Teutônia

Advogada seria principal suspeita, mas pediu autorização para chefe da organização, que já estava preso


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Foi realizada na tarde desta sexta-feira (22), no Fórum da Comarca de Teutônia, a audiência de instrução com o promotor de Justiça Jair João Franz, que foi vítima de uma tentativa de homicídio no mês de agosto de 2023. A oitiva faz parte do processo, que está sob a responsabilidade do juiz João Regert. Além dele, outras 15 testemunhas de acusação também depõem.

Durante sua fala, Franz deu detalhes sobre a noite no atentado, e falou também sobre sua relação com os acusados. No total são seis pessoas que estão presas, dentre elas uma advogada – que seria a principal mandante -, o chefe de uma facção criminosa que atua na região e o executor, que teria sido contratado.

No início de sua oitiva, o promotor começou relatando como aconteceram os fatos. “Saí de casa um pouco antes das 20h e assim que terminou o futebol já voltei. Na entrada de casa eu fui vítima de um atentado, onde sofri um ou dois disparos, um deles fatal. A minha sorte é que o tiro pegou na costela, quebrou ela e ficou alojado”, descreveu o promotor.

Depoimento na tarde desta sexta em Teutônia

Conforme ele, a sua reação, que já era pensada em um protocolo mental, foi fundamental para que ele sobrevivesse. Ela era adotada por ele ter atuado como segurança do Tribunal de Justiça, antes de ingressas no Ministério Público, em 2002. “Tive reação. São muitos anos de atividade aqui, então eu já conhecia as pessoas e a criminalidade. Eu já tinha um protocolo mental, já estava mais ou menos preparado, não acreditando que algum atentado pudesse acontecer, não prevendo que a ousadia do crime organizado pudesse chegar até esse ponto. Se me acontecesse algo naquele ponto, sabia que entradas e saídas de residências são momentos críticos e eu teria uma reação. Eu acelerei o carro, não entrei na garagem, fiz a volta pela casa e deixei o carro nos fundos”, contou aos presentes.

Cansaço mental e susto para a família

Ao juiz, promotores e advogados de defesa dos réus, Franz afirmou que na tarde do dia do crime participou de um júri, e por conta disso, estava cansado mentalmente. “Aquele era um dia muito diferente. Eu fiz um júri de tarde e estava muito cansado. Fui no futebol para me descontrair um pouco, e na volta eu sempre fui muito atento, vigilante, mas naquele dia eu estava um pouco mais descontraído e desgastado mentalmente. Parei o carro, abri os portões e comecei a ouvir os disparos, mas eram barulhos diferentes. Eram rajadas. Então eu tive milésimos de segundo para entender o que estava acontecendo. Na verdade, eu só comecei a entender quando começaram a estourar os vidros do veículo. Eu consegui reagir, mas até lá já tinham sido 15 tiros no carro”, disse.

Após conseguir acessar sua casa, o promotor relatou que conseguiu perceber a fuga do executor. Logo na entrada, ele foi recepcionado pela sua sua esposa e filho, que estava com quatro anos. “Meu filho estava no quarto. Ele é pequeno e não conseguia entender. Eu sangrei muito, de uma forma absurda. Entrei um pouco pra dentro de casa e ele veio junto com a mãe pisando no sangue”, contou.

Juiz do caso, João Regert ouve Jair Franz na Comarca de Teutônia

Desavenças com a advogada e a facção

Outro ponto que ficou claro durante a oitiva de Franz foi a desconfiança com a advogada, que é uma das presas. Ele relatou que, desde quando ela estagiava no Ministério Público, percebeu que tinha atitudes diferentes de outros advogados.

O promotor ainda relatou que por diversas vezes sofreu ameaças dela. Isso acontecia principalmente em julgamentos, nos quais, na maioria das vezes, seus clientes eram membros de uma determinada facção criminosa atuante na região. “Depois de um tempo, fiquei sabendo que ela era membro dessa facção. Os policiais, inclusive, me relatavam que quando acontecia uma prisão em flagrante ela era acionada e agia de forma muito ríspida com os mesmos. Se aproximando dos seus rostos e proferindo diversos xingamentos”, relatou Franz.

Diante de todas as desavenças, a vítima contou que logo que deu entrada na casa de saúde começou a passar o nome da advogada para todos os presentes. Outra revelação foi a respeito do mandante da execução, que seria um dos líderes da facção e estava preso na época do crime. “Depois fiquei sabendo que, pela questão da hierarquia dentro da facção, ela precisava da autorização dele para que o crime fosse cometido”, disse.

Atirador com experiência em execuções

Outro preso pela polícia é o possível autor dos disparos contra Franz. Em sua fala, o promotor afirma que ele é conhecido pela pratica de diversos homicídios. “Ele é um cara muito experiente na autoria de execuções. Sabia o que estava fazendo”, afirmou.


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