Moradores que perderam casas na enchente em Estrela ocupam área na beira de rodovia e proprietário pede reintegração de posse

42 famílias estão num acampamento improvisado com barracas em uma área de terra às margens da rodovia ERS-129 na Transantarita. Famílias pedem ajuda e uma posição da prefeitura de Estrela sobre futuras moradias


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Foto: Marcelo Cardoso

Desde sábado (18), 42 famílias e cerca de 150 pessoas estão num acampamento improvisado com barracas em uma área de terra às margens da rodovia ERS-129 na Transantarita, em Estrela/RS. Elas são dos Bairros Moinhos (Loteamento Marmit), Industrias (Vila Tereza) e Oriental, que perderam suas casas na enchente do final de abril e inicio de maio.

Após ficarem sem suas residências os moradores citaram que os abrigos oferecidos pela prefeitura estão superlotados e assim buscaram um local para se abrigar. No terreno foram montados abrigos temporários com barracas. Os proprietários dos terrenos acionaram a justiça e pediram a reintegração de posse. Já a prefeitura de Estrela, contatada pela reportagem, não se manifestou oficialmente. A comunicação do município cita que disponibiliza neste momento os abrigos temporários e está em tratativas de áreas para os projetos habitacionais.


Ouça a reportagem

 


Na manhã desta segunda-feira (20) a reportagem foi até a tTransantarita e conversou com os moradores. Bruna Ferraz, do Bairro Moinhos e Carlos Nascimento (Mano), do Bairro das Industrias citam que sabem que a área de terras tem dono e que não pretendem ficar por muito tempo, mas gostariam de ter um local próprio para se instalar. Entre os moradores estão crianças, adultos, idosos e um deficiente físico.

Ela comenta que perderam tudo e precisam de uma posição da prefeitura. “Estamos aqui desde sábado (18), é o povo pelo povo, nós perdemos tudo. Estamos aqui de forma temporária, não queremos nos apropriar de nada, sabemos que essas terras tem dono. Queremos uma resposta do governo de Estrela e saber se teremos uma solução, precisamos de ajuda, não temos para onde ir, perdemos tudo”, cita Ferraz.

No final de semana a Brigada Militar esteve no local e conversou com os moradores. “A Brigada Militar já conversou com a gente e sabemos que teremos que sair, mas o município precisa nos colocar em algum lugar digno. Se a gente for obrigados a sair daqui, vamos instalar as barracas na frente da prefeitura ou nas calçadas da cidade. Esse foi o lugar mais seguro que achamos. Aqui temos crianças, adultos e idosos. Precisamos segurança, esse acampamento é apenas provisório”, conclui ela.

Segundo o morador, os abrigos da cidade estão superlotados e as 42 famílias necessitam de um lugar seguro. “Os abrigos da cidade estão superlotados e queremos um diálogo com a prefeitura. Até agora ninguém do município falou com a gente. Estamos aqui porque não temos onde ir. Sabemos que não é certo estar aqui e que teremos que sair, mas não temos nada e nem onde ir. Queremos uma resposta sobre nosso futuro, para onde vamos, nossas casas foram todas embora”, comenta Nascimento.

A reportagem também realizou contato com Fernanda Wülfing, advogada dos proprietários da área de terras que concedeu sua posição.

“A questão está judicializada.

Entendemos a situação de vulnerabilidade das famílias, contudo, a pretexto de não terem moradia isto não pode acarretar a invasão de propriedade privada, sob pena de configurar a balbúrdia. Além disso, a Prefeitura ofertou abrigo/albergue e foi recusado. É dizer, uma vez os invasores saindo deste local, haverá condições de serem acomodados em locais propícios/adequados para tal finalidade.

Ademais, nos abrigos existe assistência médica, psicológica e demais necessidades para as famílias carentes. Por fim, a nossa propriedade tem destinação (pastoreio), é cercada/delimitada). Existe um arrendamento em curso, isto é, não se trata de um terreno improdutivo e sem destinação, cuida-se de uma área devidamente cuidada e zelada pelos possuidores. Também existe um projeto em curso para urbanizar a área, o que será logo concretizado, não havendo, assim, a possibilidade desta invasão subsistir. Inclusive recentemente foi feita uma limpeza do local com roçagem mecânica”.

Saiba mais

O Judiciário indeferiu a liminar de reintegração de posse no fim de semana porque faltou uma comprovação mais efetiva sobre a posse das terras, e porque, no entendimento do Judiciário, a remoção tem que ser feita com amparo e destinação adequada pelo poder público.

A comunicação da Prefeitura de Estrela comentou com a reportagem que após a resposta do judiciário, não haverá comentários por parte do município.

Marcelo Cardoso
[email protected]

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