A discussão sobre como cuidar das encostas dos rios ganhou mais urgência com a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, em maio. Na região, o Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari reúne cerca de 120 técnicos e simpatizantes na proposição de como atuar em cada espaço, na Bacia Taquari-Antas.
“Não dá para para aplicar tudo, em qualquer lugar. Precisa ser discutido e nós queremos estar presentes e ajudar nessas decisões, para que se tomem medidas muito bem pensadas e planejadas”, ressalta a bióloga Elisete de Freitas.
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“A ideia do movimento é a construção de ações coletivas”, explica a também bióloga Patrícia Aguiar. “A gente quer agregar e fazer essa reconstrução de uma forma correta. Não é qualquer espécie, não é qualquer forma. Vão ter lugares que precisam de intervenção de bioengenharia. A gente teve muita coisa destruída”, observa, em função das enchentes de maio.
“Não é somente plantar, tem que saber de que forma. É um trabalho muito grande, e a gente precisa de embasamento técnico”, reforça Patrícia.
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“O rio veio nos avisando: ‘O meu espaço é maior e eu quero um espaço maior para passar’”, diz Elisete, sobre a necessidade de repensar as encostas, implementando espécies que podem ajudar a mitigar os efeitos das enchentes. Ela lembra, por exemplo, de plantas adubadeiras que vão fazer uma rápida cobertura e incrementam matéria orgânica no solo.
São contraindicadas, por outro lado, espécies exóticas e invasoras, como eucalipto, uva japonesa, pinos, amora de beira de rio e ligustro, pois se propagam com facilidade e ocupam espaços das espécies nativas.
“A gente não quer que essa parte da mata ciliar seja seja esquecida nas ações de reconstrução. A gente precisa que essa pauta esteja junto nessas decisões”, pontua Patrícia.
Por que é importante
Mata ciliar é basicamente toda vegetação nativa que fica na margem dos rios e arroios, dos corpos d’água. Por isso é importante focar em espécies nativas, que se adaptam a esses ambientes, de modo a recuperar locais degradados pelas inundações.