Mulher de Cruzeiro do Sul vê filha e marido serem levados por enchente e fica mais de 24h agarrada em torre

Filha autista de 11 anos morreu e o marido segue desaparecido. Família residia em Linha Desterro


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Keide Wendt (Foto: Marcelo Cardoso)

A moradora de Linha Desterro em Cruzeiro do Sul, Keide Wendt (41) viu sua filha e seu marido serem levados pela grande enchente de maio e ficou mais de 24h agarrada em uma torre de ferro. Ela estava na laje de sua casa com seu marido Fabrício Adriano Wendt (Binho) (49) e sua filha Manuella Da Boit Wendt (11), a menida possuía autismo.

Durante a enchente, os três se jogaram na água, no dia 2 de maio, pois a casa já estava desmoronando. Eles se separaram com a correnteza e cada um foi para um lado. Keide mesmo sem saber nadar, ficou 24 horas em uma torre e recebeu resgate. O corpo de Manuella, sua filha, foi encontrado sem vida e Fabrício

Torre em que Keide ficou por 24h (Foto: Marcelo Cardoso)

ainda está desaparecido. Ela foi resgatada no dia 3 de maio.

Desesperados, a família subiu até a laje de concreto da casa, mas a força da água os fez tomarem a decisão de saltar. “Começou a estourar as portas e janelas. Tinha ondas enormes. O rio, em vez de fazer a curva, ia direto na nossa casa. Nós nos jogamos na água, só que quando ele (marido) foi com a minha menina, a água veio e jogou ele para o outro lado. Eu só vi os dois se separando. É uma dor muito forte”, conta ela.


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O que restou da casa da família (Foto: Marcelo Cardoso)

Keide foi resgatada por voluntários em um barco, e imediatamente iniciou a busca por sua filha e seu marido. O corpo de Manuella foi encontrado embaixo dos destroços no dia 16 de maio. Fabrício continua desaparecido.

Emocionada, ela lembra da última conversa com os dois. “Antes de cair na água, nós nos despedimos. A gente se abraçou e eu disse: ‘Amo muito vocês”, conta emocionada.

A família busca a partir de agora uma retomada na vida. Atualmente, Keide precisa de apoio financeiro para recomeçar a vida, juntamente com sua filha mais velha Maria Antonia pois era agricultura e sua única fonte de renda foi levado junto com as águas da enchente. No momento da enchente que atingiu o Vale do Taquari, a filha mais velha estava em Santa Catarina. A sobrevivente agora está abrigada em uma casa na Linha Herval na cidade de Venâncio Aires, com os pais, o irmão, a filha mais velha, sobrinhas e um vizinho.

O pix solidário de qualquer valor para ajudar a família é através da chave com número de celular (51) 9.9368.5862.

Marcelo Cardoso
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