Na criação de gado, a Maria-Mole é responsável pela morte de 30 a 42 mil animais por ano no RS

Devido à falta de palatabilidade, os animais consomem a Maria-Mole quando estão famintos, tornando-se mais perigosa se estiverem com o rúmen vazio


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Maria-Mole é uma planta com pétalas amarelas que floresce de outubro a dezembro em campos, beiras de estradas, terrenos baldios e valetas na cidade. Também conhecida por diversos nomes regionais, como flor das almas, flor de finados, tasneirinhas, mal me quer, cravo de campo, erva lanceta, vassoura mole, entre outros.

Cientificamente, pertence ao gênero “Sinecio”, com cerca de 3.000 espécies conhecidas no mundo. No Rio Grande do Sul, identificam-se 25 espécies, embora nem todas tenham sido completamente estudadas. Entre as mais frequentes e toxigenas estão S. brasiliense, S. selloi, S. oxyphyllus, S. tweecliri, S.heterotrichius e S. madagascariensiis.

A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), o Instituto de Pesquisa Veterinária Desidério Finamor (IPVDF) e a Emater emitiram um alerta sobre a toxicidade desta planta.

Na criação de gado, a Maria-Mole é responsável pela morte de 30 a 42 mil animais por ano no RS. Ao ser ingerida, especialmente pelos animais jovens em desenvolvimento, a planta causa a “Sineciose”, uma doença que ataca o fígado, levando à morte dos animais. Os sintomas, semelhantes à cirrose em humanos, aparecem de 2 meses a um ano após o consumo, e não há tratamento eficaz após o surgimento das lesões.

Devido à falta de palatabilidade, os animais consomem a Maria-Mole quando estão famintos, tornando-se mais perigosa se estiverem com o rúmen vazio. O período de floração da planta, entre o fim do inverno e a primavera, aumenta o risco de ingestão quando as pastagens não estão totalmente disponíveis. Além disso, a planta pode ser ingerida durante o pré-secado ou silagem.

Medidas a serem tomadas

    • Em pequenas propriedades, é recomendável arrancar manualmente, apesar do trabalho e custo.
    • Em propriedades maiores, manter a lotação adequada no campo, oferecer boa alimentação durante períodos de baixa disponibilidade de pasto e realizar roçadas em julho e agosto, retirando o material do campo para evitar toxidade por galhos.
    • O uso de herbicidas (com receituário agronômico) pode ser eficaz, aplicando diretamente na planta, especialmente no rebrote.
    • Em algumas propriedades, a presença de ovelhas pode ser uma estratégia, pois são mais resistentes à toxidade e auxiliam no controle do rebrote.

A aparição da Maria-Mole pode indicar solo ácido, necessitando de correção. Além disso, é uma planta apícola e hospedeira do micuim.

No contexto humano, como planta medicinal, tem sido indicada para tratamentos de inflamações, ação antibacteriana, problemas de alergia (em forma de pasta), feridas e queimaduras.

No entanto, por ser uma planta tóxica, é recomendável buscar orientação médica ou farmacêutica antes de seu uso.

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