“Nós estamos sendo enrolados”, afirma presidente da CIC Roca Sales sobre falta de suporte do poder público às vítimas da enchente

Cléber dos Santos é enfático em dizer que, se a iniciativa privada não tomar a frente, os projetos não andam por conta da morosidade e da burocracia estatal


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Foto: Carolina Leipnitz

Para o presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CIC) de Roca Sales, Cléber dos Santos, as vítimas das enchentes e as empresas afetadas pelas inundações, tanto no Vale do Taquari como no restante do RS, estão sendo enrolados pelo poder público, nos níveis municipal, estadual e federal, porque há muita demora na liberação de recursos e na estruturação de projetos para a reconstrução após a maior tragédia ambiental da história do Rio Grande do Sul.

Santos é enfático em dizer que, se a iniciativa privada não tomar a frente, os projetos não andam por conta da morosidade e da burocracia estatal. O pedido maior é pela agilidade nas desapropriações para a realização de projetos habitacionais e realocação de comércio e indústrias para áreas não alagáveis. “Não precisa ser um trabalho moroso, enrolado do jeito que está sendo”, defende.

Ele lembra que ações louváveis como a Vila do Agro, um projeto habitacional para Roca Sales encabeçado pelo cantor sertanejo Sorocaba, da dupla Fernando & Sorocaba, pode atrasar porque há lentidão na desapropriação de terras para receber essas casas para quem perdeu tudo na enchente.

Segundo Santos, não foi feito nada prático desde a enchente de setembro. “O sistema é falho, despreparado. Não estavam prontos para viver o que estamos vivendo”, afirma.

“Não aconteceu nada ainda. Nós temos apenas promessas, tanto dos órgãos governamentais como dos investidores. O Estado, a União, se fala muito em habitação, em auxílio às indústrias, aos micro e pequenos empreendedores, ao setor do agro. Mas até agora não aconteceu nada”, lamenta.

Santos diz que entregou em mão ao governador Eduardo Leite as demandas de Roca Sales, no ano passado, momento em que o chefe do Executivo gaúcho disse que não deixaria a cidade para trás. Porém, desde então, Roca Sales não teve mais resposta, segundo o presidente da CIC.

“Foi feita uma promessa de que tinha dinheiro a juro zero, a fundo perdido. Foi uma grande mentira, uma grande falácia. Isso não existe”, critica.

Com descrédito no Estado, Cléber dos Santos afirma que “Roca Sales e o Vale do Taquari vão se reconstruir com as suas próprias forças, com a ajuda dos voluntários, da iniciativa privada”.

Conforme ele, para a reconstrução de pontes danificadas pela força das águas e realização de pavimentações de rodovias como a ERS-129, entre Colinas e Roca Sales, vai ser preciso engajamento comunitário. “Se nós não nos mobilizarmos, isso vai continuar da mesma forma”, diz o presidente da CIC Roca Sales, ao citar o sucesso da reconstrução da ponte de Nova Roma do Sul.

Texto: Tiago Silva
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