Os duzentos anos da proclamação da Independência do Brasil

Os fatos mostram que foram necessários anos para concluir a separação entre colônia e metrópole


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Ivete Kist (Foto: Fernanda Kochhann)

Daqui a duas semanas se completam os duzentos anos da proclamação da Independência do Brasil. A data ajuda a lembrar quantas mudanças aconteceram daquele ponto distante até agora.

O grito de Independência, em 1822, não teve efeito imediato. Os fatos mostram que foram necessários anos para concluir a separação entre colônia e metrópole. Cartas escritas em Portugal, em 1825, por exemplo, mostram que D. João VI continuava acreditando na unidade. Observe-se que morte dele, em 1826, leva o nosso D. Pedro a se tornar rei de Portugal com o título de D. Pedro IV, mesmo sem estar lá. Na qualidade de imperador do Brasil, manda a filha primogênita para atuar como regente. Em 1831, quando o reinado da filha corre perigo, D. Pedro abdica do trono brasileiro e vai batalhar para manter o trono português na família. No seu lugar, no Brasil, deixa o filho de 5 anos de idade, o futuro imperador D. Pedro II.

Chegando em Portugal, D. Pedro entra em combate contra o irmão D. Miguel e consegue derrotá-lo. Assim, a filha dele se tornará a rainha D. Maria II, que permanecerá no trono até 1853.

Em 1922, a situação do Brasil já era bem diferente. A nossa independência estava consolidada e havia clima para celebração. Houve muita festa. Durante dois anos se prepararam as comemorações, as quais se estenderam por onze meses. Entre os pontos altos se coloca a grande exposição do centenário que contou com a participação de 14 países, cada um construindo um pavilhão no Rio de Janeiro. A exposição contabilizou 3,5 milhões de visitantes. Também com o objetivo de marcar a data se realizou a primeira transmissão de rádio feita no Brasil. O país queria demonstrar para o mundo que acompanhava os avanços da ciência e da indústria.

A conhecida Semana da Arte Moderna, que sacudiu a inteligência nacional, fez parte do pacote das comemorações. Ela se realizou em fevereiro de 1922, em São Paulo, e deixou uma marca indelével.

Ou seja, as festas do Centenário da Independência tiveram largo impacto. Foram um verdadeiro sucesso, não obstante a imprensa da época denunciar o rio de dinheiro despendido na organização.Agora, em 2022, no bicentenário da Independência, não se ouve muito falar em festa, embora a data seja reluzente e redonda.

No espaço de duzentos anos o Brasil se tornou muito diferente do que era no início da vida independente. Passou dos 5 milhões de habitantes para 214 milhões. O tempo médio de vida se estendeu dos 25 para 75 anos. As cidades, que concentravam 10% da população, passaram a ter 85% do total. A economia se expandiu. Deixou de ser totalmente agrícola, para industrializar-se e incorporar avanços.

Seria bem oportuno aproveitar melhor a data que transcorre nesta ano para fazer um balanço e, quem sabe, projetar os próximos cem anos. Afinal, o futuro não é algo que acontece. O futuro muda a cada escolha, a cada movimento que fazemos no presente.

A semeadura é facultativa; a colheita é obrigatória – como dizem os budistas.

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