Opinião: perdemos muito tempo tentando provar quem está com a verdade

Nietzsche escreveu: "Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas"


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Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga (Foto: Tiago Silva)

Recentemente, provei um bolo que é feito na padaria perto da minha casa e o elegi o melhor bolo do mundo, ao menos neste momento. Dei a dica para minha irmã, que é uma apreciadora de bolos. Ela comprou e me surpreendeu ao dizer que tinha achado um bolo completamente sem graça, dispensável.

Fiquei pensando nas características do bolo que me fizeram amá-lo: ele é leve, fofinho e pouco doce. Inconformada, perguntei pra minha irmã por que motivos ela não tinha gostado do bolo. Ela respondeu que era muito leve, fofinho e pouco doce.

Até agora não consigo compreender o desprezo dela com aquela delícia. E o que eu quero dizer com isso? Que a gente perde muito tempo na vida tentando encontrar quem está com a razão. Discutimos e, muitas vezes, até brigamos tentando situar a verdade em um polo, quando de fato, são raras as situações que comportam uma ideia de verdade.

Observe sua história e veja quantas verdades você já abandonou pelo caminho e quantas outras encontrou e resolveu adotar. Porque as verdades também podem ser perecíveis. Quando falei do melhor bolo do mundo, acrescentei que é a avaliação tem a ver com este momento. Pode ser que amanhã aquele bolo já perca seu status. Nietzsche escreveu: “Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”.

Ser flexível com as próprias verdades pode nos ajudar a ser mais tolerantes com a verdade do outro. E talvez mais útil do que ficar competindo pra ver quem está certo, é usar essa energia para responder “por que preciso tanto que concordem comigo?”.

Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga

 

 

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