Preço dos combustíveis: não dá para seguir por “soluções” populistas que agravem o problema!

A solução não passa por interferência na política de preços da Petrobras, mas sim em novo marco regulatório e abertura de mercado. Em resposta irônica a Lira, deputado gaúcho aponta o caminho


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Foto: Ilustração

O Brasil enfrenta um dos períodos com maior elevação do preço dos combustíveis de sua história. O valor exorbitante pago por litro de gasolina ou diesel tem indignado os motoristas. No RS, por exemplo, a gasolina chega a quase R$ 7 por litro. Em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem defendido que os deputados se debrucem sobre medidas que possam reduzir o peço sobre os consumidores. Com os líderes da Casa, Lira estuda colocar na pauta alguma votação para amenizar esse impacto.

Acontece que muitas das medidas propostas vão na linha da intervenção na política de preços da Petrobras, para o arrepio dos investidores e do mercado financeiro. Aquilo que é parte do problema do custo — o peso de uma estatal nesse remo — pode ser utilizado para tentar resolvê-lo. Porém, esse populismo simplista de procurar soluções fáceis — intervir e forçar os preços para baixo, mesmo quando o cenário doméstico e internacional não autoriza — pode ter efeito contrário e justamente agravar a questão, depreciando o valor de mercado a petrolífera, como ocorreu durante as gestões do PT.

Além da roubalheira, a estatal penou e tombou na bolsa de valores com a política econômica populista de Dilma Rousseff. Por quê? Quando o governo mete a mão, prejudica a Petrobras, leva à disparada da cotação do dólar e à fuga de investidores.

Ninguém quer colocar seus recursos em uma atividade em que a insegurança reina e a dinâmica sofre alterações conforme os humores do governo de plantão. Isso tudo, na ponta, afeta o custo dos combustíveis.

Engenheiro, presidente do IFL Brasília e assessor parlamentar, Douglas Sandri analisa os fatos políticos de Brasília na programação da Rádio Independente (Foto: Divulgação)

No mundo inteiro os combustíveis estão em alta. Na Europa, os ventos do Mar do Norte não fornecem força o suficiente para essa modalidade de energia limpa, o que aumenta a dependência por hidrocarboneto (petróleo e gás) — fontes de energia não renováveis. Esse fator faz com que o preço praticado no mercado internacional suba pela maior demanda no Reino Unido e na Europa.

A título de comparação, é a mesma coisa que acontece no Brasil com a energia elétrica. Por conta da falta de chuvas, as hidrelétricas não conseguem operar e cumprir sua função, o que força a utilização das termoelétricas — uma geração mais cara e com custo maior ao consumidor.

Nos dois setores — energia e mercado de combustíveis —, o Brasil precisa de uma melhor regulamentação: partir para um novo modelo energético, aliado com abertura de mercado. O presidente da Câmara, Arthur Lira, fez uma sequência de tuítes em sua rede social sobre o tema. O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) ironizou e questionou, então: por que não privatizar a Petrobras? Essa medida faz parte do conjunto de soluções, sem dúvidas, algo que precisa amadurecer!

Clima ameno fora, quente dentro

O clima na capital federal, do lado de fora, é tranquilo. Mas dentro do Congresso Nacional, está quente. Do lado fora a temperatura baixou. Nas últimas semanas, manifestantes aliados a sindicatos e corporações dos servidores faziam um cerco ao parlamento como forma de pressão contra a PEC da Reforma Administrativa. Porém, deram uma trégua nos últimos dias – pelo menos na Praça dos Três Poderes, pois no aeroporto de Brasília continuam com a mobilização.

Já dentro do Congresso, o clima é quente no Senado. Nesta quarta-feira (29) ocorre o depoimento do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, na CPI da Covid. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, ele é investigado por conta dos vídeos que fez em defesa do tratamento precoce e de sua ligação com a operadora Prevent Sênior. Sua mãe recebeu tratamento com os medicamentos do chamado “kit Covid”, mas acabou falecendo em um dos hospitais da rede.

Na audiência, se fala pouco de questões de saúde e do combate à pandemia. O tumulto e o cenário hostil ao empresário, comandando pela cúpula e principais atores da comissão — em sua maioria oposição ao governo —, ficam evidentes. Hang, um personagem naturalmente chamativo com sua vestimenta em verde e amarelo, não deixa por menos no confronto direto com os senadores.

Douglas Sandri, graduado em Engenharia Elétrica, é presidente do Instituto de Formação de Líderes (IFL) de Brasília e assessor parlamentar. Todas as quartas-feiras, participa do quadro “Direto de Brasília”

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