Presidente da Amvat vê dragagem como prioridade no combate aos efeitos das enchentes: “Há mais de 15 anos não é feito”

Jarbas da Rosa destaca dragagem, barragens de contenção, qualificação das defesas civis e elaboração de planos de contingência nos seis meses da tragédia de 4 de setembro


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Foto: Marcelo Cardoso/Rádio Independente

Seis meses após a enchente trágica de 4 de setembro, o Vale do Taquari ainda busca entender o evento climático para melhorar a sua capacidade de mitigar os efeitos das cheias, que são uma realidade da região banhada pelo Rio Taquari.

Para o presidente da Associação de Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa, é fundamental vontade política e financiamento para a realização das obras, que necessitam de investimentos bilionários para saírem do papel, no médio e longo prazo.

Segundo ele, a dragagem do rio é fundamental, aliada à construção de barragens na parte alta da bacia e à preservação da encosta. O gestor também reforça a necessidade de fortalecer as defesas civis regional e municipais, bem como elaborar planos de contingência para responder de modo mais qualificado aos eventos.

“Não tem como fugir da pauta importante da dragagem do Rio Taquari. Há mais de 15 anos não é feita a dragagem. É feita somente a batimetria, que é a medida da profundidade para o leito específico de trânsito dos navios e a retirada de material. Esse material é colocado dentro do próprio leito, ao lado. Na primeira enchente, todo esse material volta para o leito onde é feito o trânsito de navios”, comenta.

Conforme o prefeito, é um trabalho técnico, apoiado pelo Comitê da Bacia do Taquari-Antas. “Com a liberação da dragagem e retirada de material, quantos centímetros faria efeito? Poucos — 5 cm, 10 cm, 15 cm. Depende do volume da retirada de material. Mas, se a gente levar em conta que faz mais de 15 anos que não é retirado, isso tem um impacto, sim”, defende. Jarbas argumenta que “são várias ações que vão se somando e, no acumulado, dá diferença, sim, para a população”.

Sobre barragens, o comitê lista a necessidade de 11 a 12 estruturas a montante. De acordo com o prefeito de Venâncio Aires, elas serviriam para reservar e distribuir melhor a água das enxurradas nas cabeceiras quanto tem muita chuva. Também ajudariam a reduzir o efeito das estiagens nos períodos de falta de precipitações.

Aliado a isso, as encostas precisam de uma revitalização, principalmente após as enchentes de setembro e novembro de 2023, que promoveram grande erosão. “Não é uma medida isolada que vai promover uma mitigação dos efeitos; são varas medidas”, reforça. “As enchentes vão continuar, mas a gente tem que estar preparados para enfrentar esses desafios”, pontua.

Defesa Civil e plano de prevenção

“O fortalecimento da Defesa Civil é fundamental, inclusive, a começar de recursos humanos. Não tem como começar um trabalho com duas pessoas, por mais capacitadas que são. Levando-se em conta que são mais de 50 municípios que compreende a regional, entendemos que tem que ter um investimento maior do Governo do Estado”, defende o presidente da Amvat.

Outro tópico é a elaboração de planos de contingência — os municípios, as equipes técnicas, os voluntários e as pessoas estarem preparados, saberem o que fazer em momentos de crise.

“Depois do evento que aconteceu, muda tudo porque são 70 anos que não tinha acontecido um evento dessa gravidade. Então, temos que nos readequar”, afirma. “A única certeza que temos é que um novo evento dessa magnitude um dia vai acontecer, porque os eventos climáticos cada vez mais extremos estão acontecendo. Então, temos que estar preparados e essa agenda tem que ser contínua”, destaca.

O líder fala da necessidade de projetos a médio e longo prazo, “algo que tem que ser trabalhado não só aqui e em Brasília, mas buscar recursos extras através do Banco Interamericano, porque são recursos que se estimam em mais de R$ 1 bilhão com relação a mitigar efeitos de futuras enchentes do porte ao que aconteceu em 2023”.

Texto: Tiago Silva
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