Quando não conseguimos encontrar as verdadeiras riquezas da vida, nos julgamos mais pobres do que somos

Há momentos em que ficamos tão concentrados em nossas atividades que não percebemos a poesia que pode estar contida no nosso dia a dia


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Foto: Unsplash / Ilustrativa

Fui surpreendida por um bilhetinho colado no espelho retrovisor do meu carro. Uma amiga, que tem escritório no mesmo prédio onde fica o meu consultório, resolveu me convidar para um café e, em vez de usar o meio mais padrão — a mensagem no WhatsApp —, colocou o bilhete lá. Adoro surpresas, acho que elas dão um colorido especial ao mais comum dos dias.

Só que às vezes a gente fica pensando que é muito difícil fazer algo diferente, que é trabalhoso demais e não cabe na nossa rotina cansativa. Eu me arrisco a defender o contrário. O que deixa nossos dias cansativos é fazer sempre o mesmo da mesma forma, sem dar espaço para uma gentileza imprevista, um mimo a si e ao outro. Muitas vezes, nossos afazeres já trazem consigo um peso, nem por isso precisamos sobrecarregá-los.

Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga (Foto: Tiago Silva)

Mas o que eu não contei sobre a história do bilhete é que eu só fui vê-lo no dia seguinte, ou seja, andei do consultório até minha casa sem perceber. Tudo bem que o trajeto não é tão extenso, mas o fato me fez pensar que da mesma forma que podemos deixar a correria do cotidiano nos impedir de incrementar a vida com doses de leveza, podemos estar desatentos às manifestações de carinho e cuidado por parte dos outros.

Há momentos em que ficamos tão concentrados em nossas atividades — o trabalho, os estudos, o trânsito, os cuidados com a casa e com os filhos —, que acabamos nem percebendo a poesia que pode estar contida no nosso dia a dia. E quando não conseguimos encontrar as verdadeiras riquezas da vida, nos julgamos mais pobres do que somos. Para terminar, deixo uma frase do Goethe, que diz: “Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira”.

Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga

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