Um grupo de pesquisadores ligados à Univates, à UFRGS e ao Serviço Geológico do Brasil (SGB) foi a campo e produziu um estudo técnico denominado “Revisão e consolidação da série histórica dos níveis das cheias do Rio Taquari em Lajeado de 1939 a 2023”. O material indica que as enchentes de setembro e novembro de 2023 foram maiores que a cheia de 1941. Uma das integrantes do estudo, a professora de Engenharia da Univates e doutoranda em Recursos Hídricos, Sofia Royer Moraes, concedeu entrevista ao programa Redação no Ar desta terça-feira (16) e afirmou que agora a expectativa é que os dados sejam utilizados pela sociedade, Poder Público e embalem novos estudos que venham a melhorar o sistema de prevenção e resposta aos eventos climáticos.
O trabalho de campo iniciou em abril do ano passado, mesmo antes das enchentes históricas de 2023. Isso porque havia o questionamento sobre os levantamentos anteriores que apontavam o nível que o Rio Taquari havia atingido em 1941 e este levantamento ortométrico é parte da tese de doutorado de Sofia. Com mais de uma fonte de dados em Lajeado, havia diferenças de níveis na série histórica até então, não consideradas.
Com a publicação do estudo, que traz um olhar técnico e científico para Lajeado, na Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, alguns movimentos podem ser desenvolvidos pelo Poder Público. “Não somos nós que tomamos a decisão, nós trabalhamos em evidências científicas e pesquisas, quem decide é o Poder Público. Isso que viemos produzindo, deve trazer respostas à ciência e sociedade, embasando o Poder Público em suas decisões” considerou Sofia Royer Moraes.
Entre as medidas apontadas pela professora, estão a reformulação de planos diretores, o mapeamento de áreas inundáveis, áreas urbanas suscetíveis às cheias e o trabalho de planos de contingência.
A professora ainda explicou que é difícil prever quando uma nova enchente de proporções históricas irá ocorrer novamente. “Com a aceleração das mudanças climáticas acontecendo, fica ainda mais complexo prever inundações, o que sabemos é que elas tendem a se repetir e precisamos nos antecipar”, considerou.
Texto: Gilson Lussani
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