Série de eventos prejudica a alfabetização das crianças no Vale do Taquari

Pandemia e quatro enchentes em menos de um ano provocaram falhas por falta de interação no aprendizado


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Deise Lopes Craide (Foto: Gilson Lussani)

Falhas na alfabetização das crianças é uma das principais preocupações de psicólogos que atuam junto às pessoas que estão vivendo em abrigos no Vale do Taquari. A constatação foi externada pela psicóloga Deise Lopes Craide, durante entrevista ao programa Panorama desta sexta-feira (31). Ela relatou que, além das quatro enchentes ocorridas em menos de um ano na região, ainda há resquícios da época da pandemia. Mesmo assim, as crianças demonstram força e esperança durante os atendimentos.

“Quem se alfabetizou on-line, desde a época da covid, está com falhas desta falta de interação entre o professor e o aluno, que é o mais importante”, relatou Deise Lopes Craide. Na sequência, nos últimos meses, foram quatro enchentes e as crianças precisaram sair de suas casas e ficar alojadas em abrigos, como no Parque do Imigrante, em Lajeado. A psicóloga verificou que há problemas de aprendizado. Mesmo assim, existe um recurso interno emocional muito forte por parte delas. “Eu não sei de onde essas crianças estão tirando tanta força e tanta esperança, que as vezes até os adultos já não tem”, reforçou.

Além de estar trabalhando nos abrigos, a psicóloga passou as primeiras duas semanas após a enchente deste mês auxiliando os peritos no DML de Lajeado. O atendimento foi feito aos familiares, durante o reconhecimento dos corpos. “Em 30 anos de profissão foi o meu trabalho mais difícil”, considerou. Deise Lopes Craide explicou que é fundamental para as famílias realizar o ritual do processo de luto. Quem ainda não encontrou seu familiar, passa por um stress pós-traumático ainda pior.

Neste período, a equipe da Rede de Apoio Psicossocial trabalha em três questões específicas. No primeiro momento, das pessoas que chegaram desesperadas ao DML a procura de familiares ou pessoas que foram resgatadas com hipotermia e que chegaram de helicóptero ao Parque do Imigrante. Agora, no atendimento a quem está ansioso por ter perdido tudo ou a quem está depressivo por ter uma mudança de vida abrupta com a tragédia. Deise Lopes Craide explicou ainda que é essencial respeitar a dor de cada um, pois ela é diferente para cada pessoa.

Texto: Gilson Lussani
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