Todo agricultor reconhece um pé de guaxumba. Aliás, descobri ontem que muita gente na nossa região nomeia essa planta como guanxuma. Trata-se de um inço altamente daninho para a lavoura, que compete com a plantação na busca por recursos naturais, como água, nutrientes e luz, além de ser hospedeira de pragas. É uma planta que tem um sistema de raízes muito profundo, por isso, fica difícil de puxá-la da terra.
De tanto ouvir meus pais falando sobre os prejuízos que ela dava para a roça, me enchi de ranços. Mas, nem toda moral da guaxumba está perdida. Li que, em algumas regiões, essa planta é usada como chá para alívio de tosses, enxaquecas, dores reumáticas e para relaxamento. E, mais: o chá de guaxumba também faz bem para o cabelo, tornando-o mais forte. Li ainda que seu caule, por ser muito resistente, pode servir na fabricação de palitos.
No último final de semana, estive no sítio do meu sogro e reconheci uma pequena plantação nas imediações do potreiro onde estão os animais. Arranquei alguns pés para medir o esforço que precisava fazer. Também decidi plantar uma muda num vaso.
Fico olhando para meu pé de guaxumba com um ar de quem está sorrindo para sua vítima. Tenho a sensação de que enjaulei uma fera, um bicho selvagem, um animal peçonhento. Não guardo grandes esperanças de que vai vingar. Me disseram que a guaxumba prefere um solo mais arenoso. E, nisso, mais uma vez, a danada fica no controle da situação.
Quando eu era criança, se reclamava de tédio por não ter o que fazer ou por estar sem amigos para brincar, meus pais sugeriam que eu fosse arrancar guaxumba. Também referiam a planta para dizer que a pessoa estava opinando sem conhecimento de causa. “Nunca arrancou um único pé de guaxumba e quer dar palpite”. Guardei o ensinamento para a vida.
É importante saber identificar se aquele que nos critica tem experiência no assunto e, portanto, dá seu parecer com fundamentação. Ou se, ao contrário, estamos diante de uma pessoa que, mesmo sem ter conhecimento de causa, tem mania de achar erros em tudo que encontra pela frente.
Texto por Dirce Becker Delwing, jornalista, psicóloga e psicanalista clínica
