Tempestade de prescrições pode nos afogar

Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga faz uma reflexão sobre o excesso de informações que se apresentam revestidas por um caráter impositivo


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Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga (Foto: Tiago Silva)

Você já teve a sensação de estar se aproximando da linha de chegada e ela se afastar de você, tornando impossível alcançá-la? Pensei nisso porque tenho a impressão de que o mundo está nos inundado com um excesso de informações que se apresentam revestidas por um caráter impositivo, uma tempestade de prescrições. Nesse contexto, parece que acertar fica cada vez mais difícil, e quando você acha que está chegando lá, alguém diz que não.

Vou dar um exemplo pra explicar do que estou falando. Eu tenho o costume de iniciar meu almoço comendo primeiro a comida quente, que é o que mais me apetece. Então, acabo deixando a salada por último. Sempre fiz assim. Há alguns dias, vi um vídeo de um renomado médico gaúcho orientando a ordem em que devemos comer os alimentos: primeiro os vegetais, depois as proteínas e por último os carboidratos.

Pôxa, e eu que pensava que já estava de bom tamanho consumir todos os nutrientes! Percebe onde quero chegar? Já não basta nos dizerem o que comer e em qual quantidade, tem ainda a ordem do que se come, a forma de mastigar e por aí vai.

O avanço da ciência traz consigo muito conhecimento relevante, e não se trata de negarmos as descobertas e os avanços das pesquisas. O problema é que nós, consumidores de informações, acabamos mergulhados neste mar de “faça isso” e “não faça aquilo”, e corremos o risco de nos afogar. Como comer, como se vestir, como dormir, como respirar, como se portar, como isso, como aquilo.

Alguns podem entender esse fenômeno como uma espécie de incentivo para ir além, mas facilmente e sem nos darmos conta podemos escorregar para o extremo da sujeição, seguindo regras e padrões que não fazem o menor sentido para nós. Por isso, proponho que examinemos a questão com mais profundidade.

Eu continuo buscando uma alimentação saudável, mas sem deixar de ingerir os alimentos na minha ordem de preferência, primeiro a batata e por último a alface. É o meu movimento de resistência.

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