UFRGS mapeia poços tubulares no Vale do Taquari e constata que 15% estão dentro da mancha de inundação na Bacia Taquari-Antas

Os municípios de Muçum, Estrela, Encantado, Santa Tereza e Roca Sales são os que apresentaram maior quantidade de poços que podem ter sido impactados


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O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) fez um mapeamento dos poços tubulares impactados pela inundação na Bacia Taquari-Antas em maio, no trecho entre Santa Tereza e Taquari.

Foram avaliados 808 poços localizados em 12 municípios (10 no Vale do Taquari, mais Santa Tereza e General Câmara, cidades também na Bacia Taquari-Antas), sendo que foram analisados dados da situação dos poços, usos de água, aquíferos captados e de produção (vazão).

Observa-se que 122 poços (15,1%) estão inseridos na mancha de inundação, sendo que todos os municípios avaliados nesse estudo tiveram pelo menos um poço inserido.

Os municípios de Muçum, Estrela, Encantado, Santa Tereza e Roca Sales são os que apresentaram maior quantidade de poços que podem ter sido impactados pela inundação em relação à quantidade de poços disponibilizados pelo Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (Siagas).

Com relação a situação dos poços, muitos que estão registrados em bombeamento podem ter sido impactados. Também há dados de poços parados, abandonados, colmatados que devem ser avaliados, pois se ainda existirem devem ser tamponados para evitar problemas de contaminação.

No caso do uso, o principal impacto está associado aos poços que estão sendo utilizados para abastecimento urbano, bem como os que são utilizados para abastecimento doméstico. No caso dos aquíferos, fica evidenciado que os Sistemas Aquífero Guarani e Serra Geral são os que apresentam uma maior quantidade de poços, que podem ter sido impactados pela inundação.

Em detalhe, a situação dos poços nos municípios do Vale do Taquari:

Arroio do Meio: foram identificados 6 poços; 4 em situação de bombeamento; 2 utilizados para abastecimento doméstico e animal e três para abastecimento industrial; 3 poços captam água do Sistema Aquífero Guarani e 1 capta água do Sistema Aquífero Serra Geral; vazões entre 2,5 e 32m³/h;

Bom Retiro do Sul: foram identificados 5 poços; 3 considerados como abandonados; sem informações sobre o uso d’água; 2 poços captam água do Sistema Aquífero Guarani; vazões entre 4,1 e 45m³/h;

Colinas: foram identificados 4 poços; 3 em situação de bombeamento; 1 utilizado para abastecimento urbano e 2 para abastecimento doméstico e animal; 1 captando água do Sistema Aquífero Guarani e 2 do Sistema Aquífero Serra Geral; vazões entre 6,1 e 10,5m³/h;

Cruzeiro do Sul: foram identificados 6 poços; 1 informado como parado e 1 como fechado; 3 utilizados para abastecimento urbano; 3 captam água do Sistema Aquífero Guarani e 2 do Sistema Aquífero Serra Geral; vazões entre 3,5 e 6,0m³/h;

Encantado: foram identificados 13 poços; 11 poços bombeando e 2 poços abandonados; 3 utilizados para abastecimento urbano, 6 utilizados para abastecimento doméstico e animal e 1 utilizado para abastecimento industrial; 3 captando água do Sistema Aquífero Guarani e 9 do Sistema Aquífero Serra Geral; vazões entre 2,9 e 52,8m³/h;

Estrela: foram identificados 41 poços; sendo 16 poços bombeando, 3 considerados equipados, 2 não instalados, 2 colmatados, 1 considerado como parado e 4 abandonados; 14 poços utilizados para abastecimento urbano, 7 para abastecimento doméstico, 1 para abastecimento industrial e 1 para outros usos (lazer); 16 captando água do Sistema Aquífero Guarani, 13 do Sistema Aquífero Serra Geral e 1 de Depósitos Aluvionares; vazões entre 1 e 58m³/h;

Lajeado: foram identificados 21 poços; 10 considerados como bombeando; 6 utilizados para abastecimento doméstico ou múltiplo, 1 para irrigação e abastecimento animal, 9 para uso industrial e 2 para outros usos (lazer); 15 poços captando água do Sistema Aquífero Guarani e 3 poços do Sistema Aquífero Serra Geral; vazões entre 6 e 42,5m³/h;

Muçum: foram identificados 9 poços; 8 considerados como bombeando e 1 como não instalado; 3 utilizados para abastecimento urbano, 3 para abastecimento doméstico e animal, e para uso industrial; 9 captam água do Sistema Aquífero Serra Geral; vazões entre 5 e 26,4m³/h;

Roca Sales: foram identificados 3 poços; 1 considerado como bombeando e 1 como não instalado; 1 utilizado para abastecimento urbano e 1 para uso industrial; 1 captando água do Sistema Aquífero Guarani e 2 do Sistema Aquífero Serra Geral; vazões entre 8,5 e 30m³/h;

Taquari: foram identificados 6 poços; 2 considerados como bombeando, 2 como parados e 2 como abandonados; 4 utilizados para abastecimento doméstico, animal e múltiplo; 2 captando água do Sistema Aquífero Guarani; vazões entre 2 e 6m³/h.

Na Bacia Taquari-Antas:

Santa Tereza: foram identificados 4 poços; 2 considerados como bombeando e 1
abandonado; 2 utilizados para abastecimento doméstico e animal; 2 captam água do Sistema Aquífero Serra Geral; vazões entre 0,4 e 5,3m³/h;

General Câmara: foram identificados 4 poços; 1 considerado abandonado e 1 seco; 1 utilizado para abastecimento urbano; 3 captando água do Sistema Aquífero Guarani e 1 de Depósitos Aluvionares, vazões entre 1 e 11,9m³/h.

Com base na avaliação realizada, o IPH da UFRGS sugere:

– realizar visita técnica nos poços para avaliar a dimensão do impacto;
– promover a limpeza e desinfecção dos poços;
– realizar a análise físico-química e bacteriológica para avaliar a potabilidade das águas de poços, que são utilizadas para abastecimento urbano e doméstico;
– realizar monitoramento da qualidade da água subterrânea por um período de pelo menos um ano, por meio da coleta e análise físico-química e bacteriológica, visando com isso avaliar possível alterações que possam ocorrer na composição e qualidade da água subterrânea;
– realizar campanha de cadastramento de usuários de água subterrânea nos municípios;
– poços que ainda possuem estruturas físicas, mas que estão na situação de abandono, secos, colmatados, parados (sem possibilidade de uso futuro), deverão ser tamponados.

Fonte: IPH/UFRGS


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