Xenotransplante: entenda como órgãos de animais podem auxiliar na recuperação da saúde de humanos

O transplante mais recente aconteceu nos EUA e foi coordenado por médico brasileiro


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A dificuldade de obter órgãos para transplante em todo mundo faz com que a medicina busque outra forma, utilizando órgãos de outros animais. Isso, inclusive, tem um nome: “xenotransplante”, quando o transplante de órgão ou tecidos ocorre de uma espécie para outra.

Os primeiros a serem usados foram os macacos pela sua semelhança conosco. Mas, também há o aspecto de preservação da espécie e relacionamento ao meio ambiente. Com isso, foram buscados outros animais e, atualmente, os suínos tem tido a preferência e de mais futuro.

O transplante mais recente aconteceu nos EUA e foi coordenado por médico brasileiro (Leonardo Riella), onde foi o implantado um rim de suíno em humano. Para isto, foi criado porco geneticamente modificado, no qual foram incluídos genes humanos. Ele recebeu o nome de porco de 10 genes. Mas dos suínos já vem sendo aproveitado o coração para prótese cardíaca e válvula cardíaca.

Foto: Reprodução

Outra grande dificuldade é com a diabete e obtenção de insulina para tratamento. Estimam que no mundo tenha ao redor de 537 milhões de doentes. A insulina foi descoberta em 1921 usando hormônio de pâncreas de suínos e gado bovino. Só depois de 1978 foi desenvolvida a insulina sintética usando a bactéria “Escheriquia coli”. Esta mesmo que indica qualidade da água e de alimentos, e habita nosso intestino.

Agora criaram uma vaca geneticamente modificada para produzir insulina humana em seu leite. Novamente pesquisadores brasileiros e americanos o fizeram pela primeira vez. As pesquisas ainda estão em andamento, mas tem futuro. Em andamento, também com o uso de vacas, pesquisa para produção de anticorpos contra o covid-19 para ser injetado em humanos.

A pele de porco tem 78% de semelhança com humanos e tem sido usado em tratamentos temporários (rejeição) em caso de queimaduras. A pele é colocada em forma de enxerto ou na fabricação de pele artificial com colágeno de boi para acelerar a cicatrização. A pele de tilápia é usada em queimaduras graves para diminuir a dor e acelerar a cicatrização no Ceará. Larvas de moscas criadas em laboratório são utilizadas para limpar úlceras com melhor resultado que alguns remédios e sem efeitos colaterais.

Na China está em andamento uma pesquisa para criar órgãos humanos dentro de suínos e diminuir a rejeição em transplantes. Como exemplo, colocar células tronco humana de rim em embrião de porco para depois ser usado em transplante. Claro, seria criado um porco para cada paciente e isso deve levar um tempo para ser realidade.

No Instituto de Zootecnia (IZ-APTA) da Secretaria Agricultura e Abastecimento de São Paulo está sendo construída a primeira “fábrica” para criação de suínos com finalidade de transplante da América Latina. Os porcos virão da Nova Zelândia onde são criados isolados numa ilha e chegam no máximo a 130 kg tamanho ideal para retirada de órgãos. Vamos aguardar novidades para o amanhã.

Texto por Nilo Cortez, engenheiro agrônomo


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