Broncas dos produtores: entenda os motivos dos tratoraços em países da Europa

Já há registros de atos em 17 países e o número vem crescendo


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Foto: Reprodução/AG Feed

Temos acompanhado os movimentos dos produtores europeus com greves, tratoraços, bloqueios de vias, fechamento de portos, etc. Já há registros de atos em 17 países e o número vem crescendo: França, Itália, Grécia, Portugal, Holanda, Irlanda, Bélgica, Alemanha, Lituânia, Polônia, Romênia, Espanha, Bulgária, Suíça, Chipre, Malta e Tcheca.

Criada em 11 de dezembro de 2000, a Federação Europeia dos Sindicatos dos Setores da Alimentação, Agricultura e Turismo (EFFAT) reúne 116 sindicatos de 37 países com cerca de 25 milhões de associados. Entidade forte que faz o enfrentamento ao “Pacto de Transição Ecológica da União Europeia”.

Uma das pautas é a alta do custo de produção após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, aumento do custo da energia, fertilizantes e transporte, que estão tornando inviável a produção, pois não há valorização dos produtos comercializados.

Outra questão é a burocratização exigida dos produtores referente ao meio ambiente e à transição para agricultura agroecológica. Isso passa pelo desconhecimento dos modelos mais sustentáveis, mercado de carbono e seus custos. Responsabilidade ambiental, social e governança cooperativa-ESG tem sido a dor de cabeça.

Foto: Reprodução/Youtube

As políticas neoliberais, desregulamentação do mercado e acordos de livre comércio não agrada os produtores. As regras favorecem os grandes grupos e a indústrias agropecuárias. Os pequenos agricultores preferem uma política nacionalista.

A relação produção com o meio ambiente passa pela tendência de produtos orgânicos, ou produção agroecológica. Menos agrotóxicos (redução pela metade), novas exigências de produção e área ambiental. O estabelecimento de barreiras, taxas, subsídios e cotas de importação para dificultar a entrada de produtos concorrentes. Consideram que as exigências feitas na União Europeia são maiores que outros países e o comércio seria desleal para com seus produtos. Querem também a flexibilização das inspeções com as questões ambientais.
O Mercosul e, claro, o Brasil tem encontrado dificuldades de comercialização com a Europa, boa consumidora e rica.

Precisamos provar a origem de uma agricultura mais agroecológica. Temos propriedades e agroindústrias que se enquadram dentro destas exigências e estão aptas para exportar. O Brasil é o país que mais usa produtos biológicos no mundo. Tem biocombustível (etanol e biodiesel), energia limpa sol e vento, biodigestor e hidroelétricas, etc. Complica nossa exportação as seguidas manchetes negativas que circulam nos meios de comunicação lá fora. Quando lidas mostram ao contrário e ainda eles só estão de olho na Amazônia. Agora mesmo as notícias informam que o desmatamento se reduziu a metade em 2023. Mas, também é divulgado que fevereiro bateu o recorde de queimadas com 2924 pontos identificados na Amazônia. Quase sempre destinado a pastagens e algumas lavouras. E gado e grãos ali produzidos não serão aceito no mercado Europeu, o que atrapalha a produção de outras regiões.

Texto por Nilo Cortez, engenheiro agrônomo

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