Filme que conta a história da “Ferrovia do Trigo” está disponível no YouTube

Documentário apresenta momentos históricos da construção da linha férrea. Apesar do enfoque nos anos de 1940 e 1980, a pesquisa também busca compreender as iniciativas pioneiras para a construção décadas antes do projeto


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Uma das imagens que aparece durante o documentário (Foto: Divulgação)

O documentário “Ferrovia do Trigo”, que conta a história da construção da Ferrovia do Trigo, já está acessível ao público no YouTube, no canal da Lume Eventos. A produção retrata a construção da ferrovia que se estende entre os municípios de Roca Sales e Passo Fundo.

O cineasta Cleber Zerbielli, natural do município de Ilópolis, compartilha que o intuito do filme é divulgar a construção dessa ferrovia. Ele comenta que dirigir o filme “foi um grande prazer, especialmente por ser seu terceiro projeto na região”.

 

Zerbielli explica sua ligação pessoal com a ferrovia. “Aos 13 anos, tive meu primeiro contato com os trilhos e fui profundamente impactado pelo som do trem e pela grandiosidade do cenário”. A inauguração da ferrovia, que ocorreu em meio a grande cobertura midiática, é um evento que ele comenta com carinho, já que coincidiu com sua data de nascimento.

Ele também ressalta que o filme estava programado para ser projetado em diversas cidades do Vale do Taquari, incluindo sua terra natal, Ilópolis, onde foi convidado pela Secretaria da Educação para compartilhar o documentário.

Segundo Zerbielli, o filme adquiriu novos significados após a enchente que afetou o Vale do Taquari na última semana. Ele destaca uma das cenas cruciais do filme, gravada no início de 2023 durante uma estiagem na região. A rápida transição entre esse período de estiagem e a subsequente enchente é notável. Ele enfatiza que, mesmo nas circunstâncias mais pessimistas, ninguém poderia antever que uma parte da ponte seria destruída em tão pouco tempo. Este impacto visual é considerado um dos pontos mais marcantes do filme.

O documentário apresenta momentos históricos da construção da linha férrea (Foto: Divulgação)

Zerbielli acrescenta que o documentário tocou àqueles que já o viram, mesmo quem não tinha familiaridade com a Ferrovia do Trigo. “As imagens do filme os permitiram testemunhar a magnitude do esforço empregado na construção da ferrovia”, sinaliza Cleber, que acredita que o filme será um instrumento valioso na reconstrução do patrimônio do Vale do Taquari.

O filme da Ferrovia do Trigo conta com o estímulo da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A realização é da Lume Eventos e do Ministério da Cultura – Governo Federal – União e Reconstrução. O patrocínio é da Diamaju Agrícola, Baldo SA, Distribuidora Charrua e Goemil.

História pelos Trilhos

O documentário apresenta momentos históricos da construção da linha férrea, fundamentando-se no trabalho da historiadora e professora Cristiane Secchi Luceno, que também participou das gravações. Cristiane nutre uma paixão pela história ferroviária desde a infância. Durante sua graduação, o interesse de Cristiane pela obra se intensificou.

Ela percebeu uma escassez de informações disponíveis sobre o tema e, entre 2006 e 2008, empreendeu uma busca por fontes documentais, pesquisas em arquivos locais e conversas com ex-trabalhadores da construção. Todo esse trabalho culminou no documentário “Ferrovia do Trigo: uma história sobre trilhos (1940-1980)”, orientado pelo professor Luis Fernando Laroque.

Apesar do enfoque nos anos de 1940 e 1980, a pesquisa também busca compreender as iniciativas pioneiras para a construção décadas antes do projeto. Cristiane destaca a mobilização dos moradores do Vale do Taquari nas primeiras décadas do século XX, quando buscaram junto ao Governo Estadual a interligação das regiões coloniais ao centro do estado, visando otimizar a produção e facilitar a chegada de insumos.

Com o advento da Primeira Grande Guerra, o pedido foi momentaneamente arquivado, sendo retomado apenas no final dos anos 1930. Após quinze anos, foi realizado um estudo para avaliar a viabilidade técnica da obra e a seleção dos traçados. O projeto está preservado no acervo do Museu do Trem de São Leopoldo. A configuração dos rios teve um papel crucial no desenho da nova ferrovia. Mesmo com o custo elevado, a decisão foi acompanhar o curso do Rio Guaporé. Ao longo do trajeto, foram construídos mais de 30 túneis e 20 viadutos.

A Ferrovia do Trigo foi inaugurada em 1978, coincidindo com a construção das grandes rodovias, como ERS-130 e BR-386. Cristiane destaca que a concepção, planejamento e execução da ferrovia ocorreram em momentos históricos distintos, o que explica sua subutilização poucos anos após a inauguração, mesmo sendo um projeto inovador para o século XX. Hoje, a ferrovia é gerida pela Rumo Logística, serve como meio de transporte para diversos produtos, incluindo fertilizantes, combustíveis, trigo, milho, soja, além de sediar os passeios turísticos do Trem dos Vales. AI/GH

 

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