Não se acostume demais com seus medos cotidianos, pois eles podem paralisar

Como seres humanos, temos alta capacidade de adaptação


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Foto: Freepik

Uma parede de vidro quebrada em meu consultório me levou a uma série de reflexões. Passado o susto inicial daquele vidro estilhaçado, fui me acostumando com a ideia de que precisaria conviver com ele assim por alguns dias. Fiz uma relação com os diversos medos que ameaçam nossas vidas.

Se por um lado é importante que saibamos lidar com os imprevistos e com a noção de que nada está garantido (afinal, vivemos tentando escapar da morte), também é necessário desenvolver a capacidade de distinguir os medos inevitáveis dos evitáveis (ou tratáveis).

Tem gente que se acostuma tanto com seus medos cotidianos que acaba limitando demais suas possibilidades na vida: medo do escuro, de ficar sozinho, de dirigir um carro, de andar de avião, de se apaixonar, de ter filho, de falar em público, de ser traído, de colocar limite nos outros. A lista é quase infinita, bem como as alternativas encontradas por cada um para lidar com eles.

E é aí que o perigo pode passar despercebido: como seres humanos, temos alta capacidade de adaptação – o que é muito bom -; mas ao se acostumar demais com nossos medos, pode ser que já nem consigamos imaginar a vida sem deles. E então a gente simplesmente aceita; vai se retraindo aqui e ali, encontrando justificativas para se fechar na concha e diminuindo a capacidade de se revoltar contra aquilo que oprime.

Não se acostume ao vidro quebrado do seu lado se ele estiver te paralisando. Busque alternativas para transformá-lo. Pode ser que ele nem seja tão ameaçador quanto você imagina, mas isso você só descobrirá se ousar encará-lo. Falar dele em um processo de psicoterapia psicanalítica é uma ótima forma de descobrir isso!

Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga

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