Que tragédia, Rio Taquari

Já fiz inúmeras coberturas de enchentes, mas nunca imaginei ter que relatar este absurdo número de mortes e toda esta devastação


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Foto: Carolina Leipnitz

Velho Rio Taquari. Um amigo de longa data. Tão importante no desenvolvimento regional. Que remete a tantas coisas boas como banho de rio, passeio caiaque, lancha, balsa, Jet Ski e que está prestes a ganhar ainda mais importância para o transporte de carga. Um espaço que há muito tempo merece ser olhado de frente para desenvolver ainda mais o turismo regional…

Mas que, infelizmente, também nos deixa muito preocupados quando temos excessivos acumulados de chuva. Em mais de 16 anos na Rádio Independente, que é uma referência histórica nesse assunto, não foram poucas as cheias em que fiz coberturas, estimo umas 30. Em alguns anos, foram três. Esse ano já estamos na segunda, e há previsão de que podemos ter outras.

Normalmente, nos preocupávamos com interdição de ruas, remoção de famílias, perdas de bens materiais, e situações desse tipo. Nada como vimos nos últimos dias. Não que a culpa seja sua, pois a chuva é que caiu no seu leito, e sabemos que as ações do ser humano, como desmatamento, poluição e urbanização, têm interferência direta em tudo o que a gente viu.

Ricardo Sander é gerente de Jornalismo da Rádio Independente (Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução)

Que tragédia, Rio Taquari. Acumulados de água até então inimagináveis fizeram com que seu leito, desde o Rio das Antas, criasse ondas enormes e com muita força, ultrapassando barragens, destruindo pontes, casas e cidades quase que inteiras, mas acima de tudo, levando muitas vidas. E isso eu jamais esperei acompanhar e ter que relatar na nossa programação.

A maior tragédia ambiental recente do Rio Grande do Sul, segunda maior de toda história que se tem registros, aconteceu aqui, no Vale do Taquari. A região virou notícia internacional, infelizmente, por este motivo.

Entrevistamos prefeitos e coordenadores de Defesas Civis desesperados, pessoas que estavam em cima dos telhados suplicando por resgate. Não, disso eu nunca queria ter feito a cobertura.

Não passamos nem de perto o que passam e passaram as pessoas que perderam parentes, amigos e suas casas. Mas foi e continua sendo um trabalho desgastante também aqui na emissora, fisicamente, mas principalmente mentalmente. Informar a morte de bebês é algo que nos tira o ar. Muito difícil mesmo. Mas temos que ser fortes e seguir comunicando e deixando as pessoas bem informadas.

Os relatos e o reconhecimento do nosso trabalho são inúmeros, também como jamais vimos. Várias pessoas nos perguntam se temos ideia de quantas vidas ajudamos a salvar. Não temos. O que temos é a certeza de que fizemos o nosso melhor e sempre continuaremos a fazer. Ouvir que éramos a única companhia de pessoas que estavam isoladas em suas casas, já que não tinham mais energia e água. Que norteamos o trabalho de resgate das forças de segurança no salvamento de mais de 20 vidas com helicóptero, dentre tantos relatos. Isso não tem preço!

Mas isso só é possível graças a nossa enorme audiência e da participação dos ouvintes e internautas, com pedidos de ajuda e com informações. Nos perdoem por não termos trazido todas as mensagens no ar, mas era impossível.

Particularmente ter estado à frente da organização disso tudo também foi muito desgastante, mas temos uma equipe incrível de profissionais capacitados e muito dedicados que fazem a diferença e tornam isso menos difícil.

Reforço que a Rádio Independente e o Grupo Independente estarão sempre ao lado da comunidade regional para o que for necessário. E você já sabe: se vier outra cheia, estaremos aqui. Pois, como o nosso slogan já diz: “Rádio Independente. O Vale conhece. O Vale confia”.

Ricardo Sander
Gerente de Jornalismo da Rádio Independente

1 comentário

  1. Acredito que essa cheia nao seja as nossa conhecidas enchentes, ela foi consequencia do fenômeno ” El ninho” , que ocorre em períodos e causa o aquecimento dos mares, e principalmente consequência do aquecimento global, causado pela poluição, pois a questão climática que aprendemos na escola como algo que aconteceria no futuro chegou, e seguimos nao acreditando, seguimos sem separar o lixo orgânico do plastico , seguimos sem descartar eletronicos nos postos de coleta, seguimos sem reciclar oleo de cozinha, seguimos sem levar nossos velhos celulares , seguimos sem exigir do governo que pare com a frota dependente do petroléo, seguimos sem exigir carros elétricos, seguimos sem usar o GNV, até que nao teremos mais planeta para nós. Infelizmente essas coisas continurão acontecendo e sempre os mais fracos, pobres é que pagam a conta. Nossos governantes so poderão nos ajudar a enfrentar pois isso nao vai parar. Agora, tem ações que podem ser feitas, monitoramento do clima devidamente equipado, sistema de alertas, melhoria do sistema de réguas, melhorias das moradias em áreas de alagameto , nao permitir novas moradias nessas áreas, reflorestamento das margens dos rios, colocaçao de cascalho, impedir a retirada de areia e cascalho, entre tantas outras açoes que sao urgentes. Parabéns pela matéria.

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