Racismo estrutural, outra vez

Nós negros, precisamos aprender sobre a nossa história, as nossas lutas e nossas conquistas


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Foto: Reprodução Freepik

O marketing e as representações culturais são formas de criar uma narrativa,
e uma realidade, através da criação de um imaginário sobre aquela perspectiva, que
começa a ser vista como realidade. E o racismo estrutural, permeia este campo
também. De acordo com os dados levantados pela empresa “gênero número”
Quando se tratam de pessoas negras em anúncios publicitários, em 2017, estes
eram somente 18%. No mercado de trabalho essa diferença também é bastante
elevada, e mulheres negras chegam a ganhar até 40% menos que homens brancos,
com a mesma formação.

Um exemplo: uma mulher negra com ensino superior completo, recebe
menos de R$4.000,00 por mês. Já o homem branco com a mesma formação,
recebe mais de R$7.000,00. E esta discrepância se amplia, quando se verifica as
questões de acesso ao ensino superior, porque a cada 11 pessoas, somente uma
pessoa negra completa o ensino superior. E outro cenário que deveria ser
representativo, e não é, são os Tribunais brasileiros, no caso do STF, depois de 132
anos de sua instituição, nenhuma mulher negra foi nomeada. Foram 165 homens
brancos, 3 homens negros e 3 mulheres brancas. Por isso, é importante que a gente
se movimente para mudar esta estrutura, para que as mulheres negras sejam
recompensadas pela sua trajetória, e valorizadas.

Este movimento já tem se verificado nas representações em reality shows,
novelas e filmes, porque já se verificou a importância que estas produções têm
sobre a organização da sociedade, e mudança de perspectiva e expectativa, para
as próprias pessoas negras, que na maior parte das vezes, não se veem retratadas
fora do seu ambiente comum, e por isso, ali permanecem, porque não acreditam
que essa mobilidade possa ocorrer. Contudo, algumas destas participações são
extremamente irresponsáveis, porque apenas se considera a cor da pele daquele
indivíduo, mas se esquece que ele também vive em sociedade e também é
atravessado pelo racismo estrutural, e por isso, muitas vezes também pode ter
comportamentos racistas. Porque o racismo é uma construção social. É resultado
da vida em sociedade.

Por isso, outro movimento fundamental a ser realizado, para que efetivamente combatamos o racismo estrutural, é o letramento racial da população em geral. Ou seja, nós negros, precisamos aprender sobre a nossa história, as nossas lutas e nossas conquistas. Por muito tempo, essa narrativa nos foi negada, mas hoje, existem diversos cursos e conteúdos gratuitos, sobre este assunto. Basta que tenhamos a iniciativa de buscá-los, ou somente, não ignorá-los quando vem até nós.

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