Você sabe o que é discriminação salarial?

Pela cor da pele, algumas empresas definem o valor de seu colaborador


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Foto: Unsplash / Ilustrativa

O racismo estrutural ordena e coordena todos os setores da sociedade brasileira, desde os tempos da escravidão perdurando até a escravidão moderna. Uma vez que aqueles que escravizaram, ainda se beneficiam desse sistema que criaram para lhe trazer privilégios e vantagens sob os demais. Ainda existe um número preocupante de pessoas que afirma que não há racismo no Brasil, as quais normalmente justificam essa postura por não conhecerem ninguém que já sofreu racismo, por falta de empatia com o próximo, ou pelo simples fato de se beneficiar desse problema social.

Dados apresentados em novembro de 2022, através de pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dão conta de que em 2021 a média de salários mensais das pessoas brancas era de R$ 3.099. Esse valor é 75,7% maior do que o registrado entre os pretos, que é de R$ 1.764. Também supera em 70,8% a renda média de R$ 1.814 dos trabalhadores pardos. Então é possível verificar ainda que, além de haver uma disparidade racial, quanto mais escura for a pele da pessoa, menos ela será valorizada no mercado de trabalho.

Advogada Nadini da Silva, autora da coluna Estrutura Preta (Foto: Tiago Silva)

Outro problema que ocorre reiteradamente é a dificuldade para que as pessoas negras acessem os cargos de gerência ou gestão de empresas, mesmo estando igualmente qualificadas, em comparação às pessoas brancas. Dados da mesma pesquisa apontam que pretos e pardos representam 53,8% dos trabalhadores do país e ocuparam em 2021 apenas 29,5% dos cargos gerenciais.

Dentro do cenário dos bancos, que majoritariamente têm ingresso em cargos acessíveis por concursos [todos que ingressam possuem as mesmas condições]. Dados levantados pelo sindicato dos bancários apontam que “os bancários negros ganham 24% menos do que os colegas brancos. Os empregados pretos (setores diversos) de instituições financeiras têm rendimento médio 27,3% menor do que o rendimento médio dos brancos. E as mulheres pretas sofrem ainda mais discriminação, ganhando 59% menos que a média dos homens brancos.” O que demonstra que, além de superar todos os desafios para ingresso no mercado de trabalho, que existem para todos, as pessoas negras, especialmente as mulheres negras, precisam ainda superar o racismo estrutural e institucional para que possam exercer a mesma função que um colega branco, e ganhar expressivamente menos.

Sabemos que o Brasil é uma sociedade racista e que possui poder extremamente concentrado nas mãos de poucas pessoas, e por isso, para que nós, pessoas pretas, possamos ascender em nossas carreiras, ou ao menos sermos respeitados, ainda precisaremos lutar muito.

Texto por Nadini da Silva, advogada e mestranda em Ambiente e Desenvolvimento

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