Você sabe o que é estereótipo racial?

Clichês e senso comum geram muitos pensamentos errôneos


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Foto: Divulgação

Os estereótipos em si, já são um problema, porque buscam rotular uma
pessoa apenas pela sua aparência, e acontece em diversos contextos sociais. O estereótipo racial, por sua vez, está vinculado a raça daquele indivíduo, como se num todo, aquela população se comportasse ou adequasse aos mesmos padrões, e destes estereótipos surgem as questões de hipersexualização das pessoas negras, a banalização da dor da mulher negra, e inclusive de questões de higiene básica.

Um exemplo rápido, onde é possível explicitar o acontecimento destes comportamentos, é quando uma pessoa que utiliza tranças no cabelo, precisa responder diversas vezes, como faz a lavagem do seu cabelo, porque o estereótipo racial afirma que cabelo de pessoas negras é sujo, então alguns acham que os apliques, ou cabelos black power, não são lavados. O que normalmente não é questionado a pessoas brancas. Outro exemplo, também ligado a questão racial é a banalização da dor da mulher negra, onde profissionais ainda afirmam que mulheres negras, suportam mais dor, quando na verdade, o seu atendimento de saúde é tão desleixado, que elas se obrigam a suportar essa dor, não que ela não exista, mas não há outra alternativa, por mais que imploram por anestesia, que é um caso bastante recorrente nos casos de parto, seus médicos optam por não atender tais
pedidos.

Outra questão bastante expressiva também é a hipersexualização da mulher
e do homem, que cria uma série de crenças, que em boa parte dos casos, não passa de criações fantasiosas. No caso das mulheres, a hipersexualização ainda atribui elementos culturais, como, toda mulher negra sabe sambar e dançar funk, o que eu particularmente acredito que não desabone ninguém, mas é abominado por um grupo de pessoas, e por isso, fazer essa afirmação de forma geral, também é incorreto, porque retira toda a individualidade daquela pessoa. Como é o caso de questões em que se precisa de representatividade também, por exemplo, em um evento sobre questões raciais, que abordem questões sobre o racismo, se existir apenas um pesquisador negro no ambiente, é quase certeza de que ele vai ser
questionado, de como as pessoas negras se sentem diante deste tipo de debate, esquecendo que ele não é toda a população negra, mas sim, um pequeno recorte, que possui as suas convicções sobre o assunto, que podem ser o pensamento da maioria, mas também podem não ser, e não deveríamos nem ter essa responsabilidade, apenas pela falta de representatividade naquele ambiente.

O que é outro estereótipo racial, que apenas as pessoas negras é que devem debater questões raciais, quando nós somos apenas as vítimas do preconceito que normalmente parte de pessoas brancas. Então se desconstroem, entendam que cada indivíduo é ímpar e possui suas convicções e sentimentos particulares, que não tem nenhuma ligação com a cor da sua pele.

Texto por Nadini da Silva, advogada e mestranda em Ambiente e Desenvolvimento

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