Ouvir é a principal forma de ajudar as crianças no período pós-enchente, afirma psicóloga

Deise Lopes Craide integrou grupo que ajuda crianças e famílias a superar traumas


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Deise Lopes Craide (Foto: Eduarda Lima)

A psicóloga Deise Lopes Craide já tem 30 anos de experiência, trabalhando com crianças, adolescentes, psicologia forense e mediação de conflitos. Além disso, ela já atuou como professora em escolas de Lajeado.

Mesmo com toda sua experiência, novos desafios surgiram com a enchente de setembro de 2023 e se expandiram em 2024. Junto a um grupo de cerca de 30 pessoas, Deise esteve na linha de frente, atuando com as famílias desabrigadas pelas cheias, e segue desenvolvendo trabalhos, principalmente com as crianças e adolescentes.


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Deise se preocupa com os traumas deixados pela pandemia e, agora, com grandes enchentes registradas desde o ano passado. A falta de convívio com os colegas nas escolas e a aprendizagem defasada são consequências dessas situações. Segundo a psicóloga, isso tudo precisa ser acompanhado e trabalhado com as crianças e jovens.

Pensando nisso e com a intenção de ajudar como podiam, o grupo de psicólogos se propôs a fazer uma rede de apoio às famílias atingidas pelas enchentes. Essas pessoas perderam não somente seus pertences, mas suas referências e suas histórias.

Deise destacou que a ajuda para as crianças passa muito pelo trabalho emocional com os pais e os professores, aqueles que vão acolher e mostrar as possibilidades de futuro para elas. Cada um tem suas dores e todos precisam de ajuda.

Aline Silva e Deise Lopes Craide (Foto: Eduarda Lima)

Na visão de Deise, a melhor forma de ajudar as crianças é dando ouvidos ao que elas dizem. É preciso explicar o que aconteceu, mas elas não devem perder as esperanças e isso depende da forma como é feita a interação entre adultos e crianças. Alguns materiais lúdicos, como livros infantis podem auxiliar nesse processo.

Às vezes será necessário ouvir a mesma história várias vezes. Porém, se a pessoa não quiser falar, Deise afirma que ela precisa ser respeitada, pois ainda não é o momento para que ela se abra.

A psicóloga ainda falou sobre o trauma que as pessoas demonstram ao receber alertas de chuvas fortes. Para superar, Deise sugere criar situações novas com o que causou o trauma, gerando lembranças felizes e prazerosas. “É necessário criar boas referências”.

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