A crise dos 30 e a falta

O que você está disposto a dar para obter o que supostamente lhe falta?


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Foto: Freepik

Questionamentos sobre vida pessoal, carreira, conquistas materiais e o sentido da vida parecem estar cada vez mais antecipados. O que antes costumava virar fonte de preocupação para as pessoas de 40 anos, hoje aparece uma década antes, e já se conhece por “crise dos 30”. Ao completar essa idade, é comum, para uma faixa populacional mais privilegiada em termos socioeconômicos, surgirem reflexões que muito facilmente acabam se confundindo ou se transformando em pressões, às vezes, exageradas.

Chegar aos 30 sem um relacionamento amoroso estável, sem um lugar próprio para morar e, principalmente, sem alguns bens materiais importantes ou pelo menos um trabalho que garanta acesso a eles, costuma gerar aflição. É o famoso check list que, enquanto que não é preenchido, fica ali o tempo todo se fazendo presente, incomodando. O problema não está em ter sonhos e querer realizá-los, mas em ir modificando a lista a ponto de nem sobrar tempo para viver ou comemorar as conquistas. Isso é muito angustiante.

Quer um exemplo disso? Há não muito tempo atrás, concluir um curso superior era um marco muito comemorado, e raramente vinha atrelado a uma necessidade de seguir com os estudos. Hoje, meses antes de se formar, os jovens já se cobram sobre o que farão a seguir, a ponto de sentirem que nem viveram o momento da conclusão de uma etapa tão relevante.

As miragens que supomos que devemos alcançar vão se distanciando à medida que nos aproximamos. É como se, lá na frente, sempre houvesse algo ou alguém mostrando o que nos falta. Seja aos 30, aos 40 ou em qualquer idade, a questão que fica para pensar é: o que você está disposto a dar para obter o que supostamente lhe falta? Que trocas lhe parecem aceitáveis?

Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga

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