A lição de Dumbledore e a mediação de conflitos

Ator Michael Gambon, que interpretou o mago nos cinemas, faleceu no último dia 28


0
Foto: Divulgação

Em 28 de setembro último, morreu o ator Michael Gambon. Provavelmente, você não deu importância para a notícia. Mas, talvez se importe, sabendo que Michael Gambon era o nome do ator que fez o papel de Dumbledore, nos filmes de Harry Potter. Se isto continua não lhe dizendo nada, passemos a falar de Harry Potter – que era esta exatamente a minha intenção ao lembrar o ator falecido.

Harry Potter é um fenômeno no mundo dos livros. A história de Harry Potter é contada em sete volumes, publicados entre os anos de 1997 e 2007. A autora é uma britânica chamada J.K Rowling. Ela vivia com grandes dificuldades financeiras até o sucesso de Harry Potter mudar sua vida. Dizem que a escritora se tornou mais rica do que a rainha Elizabete II. E não é difícil de acreditar. A coleção dos sete livros vendeu mais de 500 milhões de exemplares, em inglês ou traduzida para 80 línguas. Apresentada em filmes, a história de Harry Potter igualmente bateu recordes de público nos cinemas do mundo todo.

Ivete Kist (Foto: Fernanda Kochhann)

Não é possível saber quantos milhões de crianças conhecem Harry Potter. Mas não será exagero afirmar que a história do menino deixou marcas em toda uma geração.

Que marcas seriam essas?

Então, voltemos ao ator Michael Gambon, esse que morreu há pouco. Ele atuou no papel de Dumbledore, que era o diretor da escola de Hogwarts, onde a história acontece. O diretor é personagem muito importante. Ele é a referência de equilíbrio num ambiente onde a amizade convive com a rivalidade mal-intencionada, aquela que quer prejudicar os que não pertencem ao grupo. As virtudes de Dumbledore deixam marcas certamente.

A coleção de livros de Harry Potter não é didática nem moralista. Se fosse assim, não teria feito tanto sucesso. Como obra literária, ela apresenta aventuras que cativam e que ajudam a compreender a vida. Dumbledore é figura inspiradora. Ele apoia Harry Poter e lhe oferece a segurança que o amor dá. Dumbledore conhece a existência do mal, mas acha que o amor, a sabedoria, a paciência são as formas mais eficientes de combatê-lo.

Dumbledore não acredita no destino. Acha que o que determina a nossa vida são as nossas escolhas. Num determinado ponto ele diz: “mais importante do que a nossa origem é o que nos tornamos ao crescer”. Ele incentiva nos alunos a coragem criativa. Dumbledore não é rigoroso nem legalista demais. Ele reconhece que todos somos frágeis. O diretor conduz a escola, como as comunidades todas deveriam ser conduzidas: com respeito pelas diferenças e com confiança na capacidade que cada um tem de fazer escolhas em favor do bem.

Por que estou falando nisto?

Porque acredito que as referências positivas são fundamentais sempre – na juventude, de modo especial. Precisamos crescer acreditando que nossos líderes são confiáveis. Precisamos escolher líderes confiáveis. Precisamos promover a convivência respeitosa. Brigar é sempre fácil. O desafio é respeitar a todos. O desafio é ajudar a fazer deste um mundo melhor – exatamente a batalha em que Harry Potter se engaja com todas as forças. Exatamente onde a sabedoria e o equilíbrio de Dumbledore fazem a diferença.

Texto por Ivete Kist, professora e escritora

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Por favor, coloque o seu nome aqui