Como anda sua capacidade de escutar o outro?

Especialistas na área de Recursos Humanos apontam que saber ouvir é uma característica que está se tornando rara


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Foto: Ilustrativa / Freepik

Especialistas na área de Recursos Humanos apontam que saber ouvir é uma característica que está se tornando rara, podendo ser considerada hoje como um diferencial no currículo. Priorizamos demais a fala em detrimento da escuta. Rubem Alves escreveu um texto chamado Escutatória, que reproduzo em partes aqui, porque considero valioso para provocar algumas reflexões.

Ele diz assim: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar… Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil. A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor… Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração… E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos.

É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir… São duas as possibilidades. Primeira: fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado. Segunda: ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou. Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou. E, assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia”.

Tamara Bischoff, psicóloga e jornalista

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