Conheça o padre haitiano que tomou posse na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Capitão

Jean Mara Lafortune falou sobre preconceito e contou sua trajetória até chegar ao Vale do Taquari


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Padre Jean Mara Lafortune (Foto: Reprodução / Facebook / Arquivo Pessoal)

O padre Jean Mara Lafortune, de origem do Haiti, tomou posse na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Capitão, no dia 3 de julho deste ano. Em entrevista ao programa Panorama na manhã desta terça-feira (13), o religioso diz que teve uma “acolhida muito boa da Paróquia e da comunidade.” Ele conta que conhecia cidades próximas como Lajeado, Arroio do Meio e Travesseiro, mas Capitão, não. “Pra mim é algo novo.” “Estou me inserindo na Paróquia, conhecendo as lideranças para, juntos, decidirmos e andarmos.” “É muito cedo para tomar decisões”, comenta.


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Nascido em 7 de setembro de 1975, Lafortune chegou ao Brasil em 2005. Ele destaca na sua caminhada que em Passo Fundo, nos primeiros anos da sua atuação no Brasil, entrou no postulantado da Congregação. Depois cursou teologia na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Estef) em Porto Alegre, onde conheceu a Fraternidade da Boa Nova e a Diocese de Santa Cruz do Sul.

Cursou filosofia na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e, em 2017, foi morar no Seminário Dom Alberto, em Viamão. Passou então a atuar na pastoral da comunidade Nossa Senhora do Carmo, do Bairro Margarida Aurora de Santa Cruz.

Preconceito

Atuando como seminarista, diz que não sofreu preconceito. “É claro, que podem ocorrer algumas piadinhas, porque até hoje na linguagem, o preconceito aqui no Sul, não é muito trabalhado, mas de proferir palavras de preconceito contra mim, não.” Ele lembra de um episódio, em 2006, no município de Passo Fundo. Ele e três colegas haitianos, caminhavam pela cidade, quando uma menina acreditava que seria roubada. “Depois ela foi ao seminário se desculpar”, conta Lafortune

“Sabemos que há a situação de preconceito com imigrantes e do povo negro. No Haiti temos uma concepção bem diferente quanto a isso.” No país, 97% da população é negra. “Até o próprio negro gaúcho não quer ser chamado de negro, porque a constituição diz que isto é preconceito.”

“Tem que me chamar de negro. Se não quer, chama de negrinho. Se não quer, chame de negão. Eu sou negro, sim. Muito gente interpreta a constituição de uma maneira diferente. Há muitos negros aqui no Sul que não querem reconhecer a sua negritude. É, por isso, também que surgiu a Pastoral Afro”, comenta.

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