Divergir e debater nas redes sociais: será que podemos fazer isso de forma respeitosa?

Movidos pela emoção, facilmente podemos nos perder daquilo que nos diferencia dos animais, nossa parte racional, que permite parar e pensar


0
Foto: Unsplash

Eu tenho o hábito de ler os comentários das notícias que são postadas nas redes sociais. Acho que ali se encontra um material muito interessante a ser analisado quando nos referimos à diversidade de pessoas que habitam o mundo virtual. São diferentes perfis, logo, diferentes tipos de comentários. Hoje, em função de alguns fatos ocorridos durante a semana e que mereceram manchete nas redes sociais, escolhi refletir sobre aquele tipo de pessoa que pensa estar sempre sendo alvo de perseguição ou ataque. Por esse motivo, costuma reagir agressivamente. São pessoas que acham que o mundo quer lhes “passar a perna”, e portanto, precisam estar armadas.

Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga (Foto: Divulgação)

Essa semana, o Grupo Independente postou uma notícia que trazia na manchete o termo “curiosos”, para tratar de pessoas que haviam encontrado um corpo preso às ferragens em um acidente com mortes aqui na região. Em diversos comentários, criticou-se a utilização da palavra, provavelmente porque ela foi tomada exclusivamente a partir de um significado pejorativo.

No entanto, vale lembrar, e o dicionário pode auxiliar nessas horas, há mais significados do que esse. Curioso é aquele que tem o desejo de ver, que quer saber mais, conhecer, experimentar, aprender. Nas pesquisas que fiz, não encontrei ninguém que tivesse procurado se inteirar melhor sobre o que havia sido escrito ou até mesmo que questionasse o uso do termo “curiosos”, o que havia era xingamentos.

Movidos pela emoção, facilmente podemos nos perder daquilo que nos diferencia dos animais, nossa parte racional, que permite parar e pensar. A maneira que entendemos o mundo à nossa volta não é a única, nem a mais correta. Podemos divergir, questionar e debater, mas podemos fazer isso de maneira respeitosa.

Em relação à notícia, eu não sei o que aquelas pessoas foram fazer no local do acidente, e não é isso que interessa aqui. Mas é muito provável que elas compartilhem de uma curiosidade aguçada. E talvez seja justamente essa característica que falte aos comentadores que se contentam em viver na ilusão de que sabem tudo e perdem valiosas oportunidades de aprender.

Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Por favor, coloque o seu nome aqui