Dragagem, construção de barragens e preservação da mata ciliar são opções para evitar grandes enchentes do Rio Taquari, diz vice-presidente do comitê da bacia

De acordo com Júlio Salecker, o grupo finalizou um plano com 28 ações em 2012, que até hoje não foi executado pelo governo


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Foto: Nícolas Horn

O serviço de dragagem, a construção de barragens para contenção de água e a preservação da mata ciliar são as principais alternativas para evitar que novas grandes enchentes atinjam o Vale do Taquari e outras partes do estado. As medidas foram citadas por Julio Cesar Salecker, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas e diretor de geração e comercialização de energia da Certel.

De acordo com ele, o plano de ação para a bacia Taquari-Antas teve a segunda fase finalizada em 2012, com 28 ações que ajudariam a evitar desastres climáticos na região. Apesar disso, até hoje nenhuma das medidas foi executada pelo governo do estado.

Bastante discutida, a dragagem dos rios é defendida por Salecker, desde que feita de forma organizada. O trabalho seria realizado na parte plana da bacia, de Santa Tereza a Triunfo, e se baseia na limpeza, desobstrução do canal e manutenção de tempos em tempos.

As barragens de regularização e reserva de água nas cabeceiras são outra opção para segurar a vazão. De 10 a 13 estruturas precisariam ser instaladas para segurar o rio. Salecker cita como exemplo a barragem Capingui, de Guaporé, que armazena a água da chuva em períodos de cheia e libera a vazão média quando há seca. “Uma delas a Certel tem projeto pronto”, cita ele, em relação à barragem do Forqueta, que seria instalada nas proximidades de Soledade, Arvorezinha e Ilópolis. O projeto tem valor estimado em R$ 70 milhões e, caso executado, o prazo para finalização é entre 18 e 24 meses.

Julio Cesar Salecker (Foto: Eduarda Lima)

Ainda em relação às ações estruturantes, o profissional alerta sobre a necessidade de recuperar e melhorar a mata ciliar. Outra medida da chamada “engenharia verde” é a recuperação de banhados, considerados como esponjas capazes de absorver a água. “Temos que parar com esse negócio de drenar e dragar banhado e transformar em loteamento ou área agrícola. Banhado é o local onde grande quantidade de água chega e é uma esponja natural”, afirma Salecker.

Outra necessidade da região é a elaboração de planos de emergência para alertas e evacuações em novos episódios de enchentes. De acordo com Salecker, os planos diretores dos municípios também deveriam incluir a indicação de manchas de inundação, o que evitaria a destruição completa de bairros como ocorreu em maio.

“Com 10 anos nós podíamos ter reduzido os impactos dessa quantidade de chuva que nós tivemos”, diz ele. Ainda assim, não é possível dimensionar o quanto os danos reduziriam se todas as ações do plano tivessem sido implementadas. “Sem nós termos os projetos executivos seria um chute total”, considera Salecker.

Apesar disso, ele pontua que a instalação de barragens, preservação da mata ciliar e banhados e limpeza do canal permitiram que a água tivesse capacidade para “ir embora”.

O Rio Taquari é o segundo maior responsável por acrescentar volume na região do Guaíba. O plano de ação preparado pelo comitê passou a ser analisado após a sensibilização provocada pela enchente de setembro na região. “Está andando, não na velocidade que a gente gostaria”, desabafa Salecker.

O departamento de recursos hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura é responsável por ponderar as ações e priorizar o que se tornará projeto executivo. Os eixos que devem ter foco dizem respeito à carga de esgoto e aos desastres de eventos climáticos extremos.

De acordo com Salecker, se o poder público deseja acelerar algo, basta “botar dinheiro no sistema estadual de recursos hídricos, implantar agência de região hidrográfica do Guaíba, terminar os planos de bacia e executá-los. É isso que nós precisamos, tanto dinheiro federal, quanto estadual”.

Texto: Eduarda Lima
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