Livro conta a história de um pai incansável em busca do filho desaparecido

Vilaró assim escreve: “Cada vez que vejo a lua, penso que meus pais também estão olhando para ela e isso me mantém junto a eles”


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Foto: Arquivo pessoal/Dirce Becker Delwing

“Entre meu filho e eu, a lua”, livro de Carlos Paez Vilaró, artista Uruguaio que faleceu em 2014. Nesta obra, Vilaró conta a sua luta para encontrar seu filho Carlitos, vítima do acidente aéreo que aconteceu nos Andes, em outubro de 1972, e que tinha 45 passageiros a bordo. O avião da Força Aérea Uruguaia voava de Montevidéu com destino a Santiago, levando jovens estudantes, integrantes de uma equipe de rúgbi, que iam fazer uma partida amistosa no Chile.

Foto: Arquivo pessoal/Dirce Becker Delwing

À época, a notícia do acidente ganhou o mundo e as autoridades chilenas não pouparam esforços para localizar a aeronave que caiu na Cordilheira dos Andes. Dez dias depois do acidente, sem encontrar nenhum sinal de vida, as buscas foram oficialmente encerradas. No entanto, mesmo sem apoio do Governo, Vilaró não parou de procurar pelo filho, que tinha certeza de que estava vivo.

Para a surpresa de todos, menos de Vilaró, que nunca perdera a esperança, depois de 72 dias do acidente, 16 dos 45 passageiros, que estavam a bordo da aeronave, foram encontrados vivos. Entre eles, estava Carlitos, o filho de Vilaró. Até hoje, a parte mais lembrada ou mais chocante da tragédia é o fato de que os sobreviventes só conseguiram ficar vivos porque se alimentaram dos corpos daqueles que já haviam morrido.

Na abertura do livro tem uma das frases mais belas que já li, pensando numa possível conexão com ente queridos que já partiram deste mundo. Vilaró assim escreve: “Cada vez que vejo a lua, penso que meus pais também estão olhando para ela e isso me mantém junto a eles”. Então ele diz que, da mesma forma, quando a lua aparece atrás das montanhas, ele pensa que, com certeza, o filho está olhando para ela. E que a lua acaba sendo um ponto de conexão entre os dois, mesmo que eles não estejam se vendo.

Dentro desse tema que Vilaró aborda, recentemente, assisti ao filme “A Sociedade da Neve”, que, desde janeiro, está disponível na Netflix. O longa é inspirado no livro de Pablo Vierci, amigo de infância dos jovens que estavam no voo. Nesse livro, lançado em 2008, ele conta a história a partir do olhar dos 16 sobreviventes, entrevistados mais de 35 anos depois do ocorrido.

Texto por Dirce Becker Delwing, jornalista, psicóloga e psicanalista clínica 

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