A professora Rosane Maria Cardoso, 61 anos, é a laureada na categoria “Educação” no Troféu Mulheres da Década.
Rosane é filha da Célia e do Mário e nasceu em Estrela no dia em que a atriz Marilyn Monroe morreu. “Eu costumo dizer que não tinha lugar para nós duas”, declara a professora, com muito bom humor. Aos 20 anos foi morar em Porto Alegre, onde trabalhou como Auxiliar de Enfermagem. Voltou para Estrela e trabalhou mais seis anos na área da enfermagem no Hospital da cidade. “Ao todo foram 12 anos muito felizes como Auxiliar de Enfermagem, mas eu gostava muito de Letras, Literatura e, por isso, resolvi fazer faculdade de Letras. Agora já são 28 anos trabalhando na área da Educação”, relata.
Rosane cursou a graduação na Univates, em 1994; Mestrado, em 1997, e Doutorado, em 2002, ambos na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul ( PUC-RS), e Pós-Doutorado na Espanha, em 2007, quando surgiu o seu maior desafio: “Eu nunca tinha pensado em passar um tempo fora do Brasil, sempre fui de ficar próxima da família, mas hoje percebo que foi um divisor de águas na minha vida. Tive muitos medos, passei o primeiro mês chorando, pois naquela época a gente não conseguia se comunicar com a família como é hoje. O outro desafio foi a língua”, lembra.
Mesmo com estes desafios, a persistência de Rosane fez com que ela logo se adaptasse e não desejasse mais sair. Atualmente, é professora na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e pesquisadora. Além disso, está começando na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Atua explorando a memória e a violência na narrativa latino-americana contemporânea, além da literatura infantil e juvenil em língua espanhola. Seu portfólio de publicações inclui “Espaços de memória na literatura espanhola e hispano-americana” (2020) e “Princesas que viram monstros: o corpo feminino no conto de fadas” (2020), entre outras obras. Além disso, ela participa ativamente dos Grupos de Pesquisa do CNPq “Identidade e literatura Latino-americanas” e “Práticas do Ensino em Letras”, demonstrando seu engajamento no avanço dessas áreas. Rosane também foi a escritora homenageada na Feira do Livro de Lajeado na edição de 2023.
A pesquisadora e escritora se define como uma mulher que valoriza suas origens e mantém sua conexão com a simplicidade da vida. Além disso, compartilha sua paixão por blues e jazz, além de desfrutar de atividades como viajar, cozinhar e receber amigos.
Entre as lutas, ao longo destas décadas, Rosane observa que ainda são necessários avanços na educação, no respeito à mulher e nas políticas antirracistas: “Há muitas pessoas pretas em Lajeado, mas, às vezes, essas pessoas não se veem e não são vistas. Mas nós existimos e fazemos parte do todo o processo social, político e econômico da região. E tudo isso passa pela educação. Precisamos de uma formação que nos ensine a olhar para nós e para o outro, a pensar nas outras pessoas. Isso faz parte do nosso trabalho como professores e professoras. Em sala de aula, temos muito poder para fazer as coisas mudarem”, complementa.
