“Não iremos trazer nosso filho de volta, mas podemos evitar que outros pais percam os seus”, fala Áurea Flores

Familiares das vítimas da Boate Kiss continuam lutando para que a tragédia nunca mais se repita


0
Foto: Vinicius Mallmann

Na noite do dia 27 de janeiro de 2013, Paulo e a esposa Áurea Flores deram recomendações ao seu filho Luiz Eduardo Flores, de 24 anos, para tomar cuidado, não beber e dirigir, e não voltar tarde. Esta foi a última vez que o casal viu seu filho vivo.

Nesta mesma noite, por volta das 3h, a banda Gurizada Fandangueira fez uso de um dispositivo pirotécnico como efeito visual e ao atingir o foro, um fogo logo se espalhou por todo o ambiente. Aqueles que logo perceberam as chamas correram em direção a saída, mas os seguranças os impediram, pois cobravam o pagamento da comanda. Além dos seguranças, barreiras de metal, em forma de labirinto, estavam dificultando a saída. Quando um dos integrantes da banda tentou apagar as chamas, o extintor não funcionou, pois estava vencido. A boate estava com o alvará de funcionamento, expedido pelo Corpo de Bombeiros, vencido desde o mês de agosto de 2012. A capacidade máxima era de 691 pessoas, mas estava com 878. As poucas luminárias de emergência não estavam funcionando.

Devido a estas inúmeras irregularidades, que 242 pessoas morreram e 636 ficaram feridas física ou emocionalmente. Logo após o ocorrido muitas autoridades falaram em endurecer as regras para esta cena nunca mais se repetir. Mas aos poucos os empresário e as autoridades foram relaxando na questão da segurança.

“Como viajamos muito, sempre que estamos em um hotel ou ambiente com maior número de pessoas ficamos observando se tem luz de emergência, portas de segurança, mais de uma saída, extintores e se as escadas estão livres em caso de uma emergência. E percebemos que dificilmente os lugares estão cumprindo tudo rigorosamente. Sem falar na documentação, que essa não temos como saber”, desabafa Paulo Flores.

O casal continua lutando por justiça e tentando conscientizar empresários, autoridades e frequentadores de ambientes fechados para que a tragédia que aconteceu há 10 anos nunca mais se repita.

Ao final de nossa conversa Áurea Flores fala: “Não iremos trazer nosso filho de volta, mas podemos evitar que outros pais fiquem sem filhos.”

Texto: Joel Alves

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Por favor, coloque o seu nome aqui