“Não vamos parar até termos as nossas respostas. As pessoas culpadas precisam ser condenadas”, afirma sobrevivente da Kiss

Luiza Mathias (29) é uma, dos 636 sobreviventes da tragédia


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Foto: Vinicius Mallmann

No dia em que a tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria, completa 10 anos, a Rádio Independente está diretamente da cidade, ouvindo familiares e sobreviventes, como é o caso da Luiza Mathias (29). Na noite, ela fazia parte de uma das turmas organizadoras da festa, e estava na Kiss junto de seus colegas e amigos.

Em seu relato sobre a noite, Luiza conta a história desde o momento em que viu o fogo até a saída da casa noturna. “Eu costumava ir na boate então acredito que tenha conseguido me salvar porque eu vi no momento em que começou o fogo, pois estava bem próxima do palco. Eu sei que tiveram muitas pessoas que não sabiam que estava pegando fogo, então isso também dificultou a saída delas. E como eu conhecia a casa, conseguia me guiar lá dentro. Logo quando vimos as chamas, eu e minhas amigas esperamos, porque achamos que eles iriam apagar, mas quando a gente viu que eles tentaram com o extintor, e ele não funcionou, resolvemos sair porque vimos que eles não iriam conseguir apagar o fogo”, relata ela, que tinha 19 anos no dia da tragédia.

Após sair da Kiss, a sobrevivente foi encaminhada até o Hospital São Francisco de Assis, por onde permaneceu internada até a segunda-feira. “Fiquei um dia só no hospital, mas como inalei fumaça, fiz um tratamento de pneumonia, que foi o maior dano físico que eu tive. Também fui diagnosticada com asma , então tive que usar bombinha durante muito tempo. E depois disso, fiz um tratamento com um psiquiatra, porque fui diagnosticada com depressão”, comenta Luiza ao falar sobre os traumas físicos e mentais deixados pela tragédia.

De acordo com ela, o sentimento deixado após a anulação do júri, que foi realizado em 2021, aflora um sentimento de impunidade que já vem sendo deixado há 10 anos. “O nosso sentimento, meu, das minhas amigas, famílias e de todos que estão aqui é de impunidade. Estamos há 10 anos sem respostas, sem justiça, então é um sentimento bem ruim. Acredito que passado este tempo, já poderíamos estar em outro lugar. Não vamos parar até termos as nossas respostas. As pessoas culpadas precisam ser condenadas”, enfatizou.

Texto: Vinicius Mallmann
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