Pagar pelos atos

Já passou do tempo dos racistas serem presos e condenados pelos crimes que cometem


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Foto: Reprodução/Redes Sociais

Nunca sabemos como vamos reagir a uma situação de injustiça, ou agressão, até
nos depararmos com uma. Como aconteceu no último mês com uma garotinha
americana, que viu sua mãe ser acusada injustamente de furtar um óculos de sol.
Pelas cenas divulgadas nas redes sociais, a menina compreendeu o risco que sua
mãe corria ao ser abordada pela polícia americana. E diante da situação, defendeu
sua mãe, que se reagisse de tal forma, poderia acabar morta, como já visto em
outros casos.

A forma como ela rebate as acusações, com elementos óbvios, como
não encontrarem o produto do crime e a mulher não estar vestindo as roupas
indicadas na denúncia realizada pela loja fez que com que a própria menina constatasse que a única semelhança entre a mãe e a verdadeira culpada era a cor da pele, o que a deixou extremamente nervosa e apreensiva.

Quando a mulher é colocada na viatura policial e a menina leva as mãos ao rosto,
tentando disfarçar as lágrimas, é quando constatamos que a partir daquele momento, diversas narrativas foram criadas na vida desta menina. Como a de que, se a polícia quiser lhe acusar de um crime, levando em consideração apenas a cor da sua pele, ela o fará; se você reagir e tentar lutar contra a injusta prisão poderá ser morto; se não reagir, e optar por apresentar as devidas provas no processo, poderá permanecer por anos injustamente na prisão.

A reação da menina, ao ver sua mãe naquela situação é um reflexo de como todos nós que estudamos, trabalhamos e somos frente à luta das pautas raciais, nos sentimos
quando uma abordagem policial acontece desta forma. E esta situação gera uma
insegurança jurídica, sem precedentes. Porque a mensagem passada pela polícia é
de que, se quisermos, podemos prendê-la sem qualquer tipo de prova ou
elementos que lhe vincule ao crime.

E a vida dessa menina, nunca mais será a mesma, porque as mesmas percepções
que nós tivemos ao assistir o vídeo, são as que ela terá como uma memória de
infância. A dor de enfrentar uma situação dessa, jamais será compreendida pela
população não negra, que pode e precisa solidarizar-se e ser aliado na luta
antirracista, mas que dificilmente passará por este congestionamento, apenas pela
cor da sua pele. Por isso, é tão grande a importância de preparar as nossas
crianças para o mundo que as espera, porque apesar de evoluirmos no debate de
questões etnico-raciais, em todas as esferas, a pessoa negra sempre terá essa
característica, e precisará ainda por muitos anos, provar que merece respeito, que é
digna para merecer a sua liberdade, e que não aceitará ser parada pela sociedade
que quase as impõe ao fracasso.

Que todos sejamos fortes como a menina que defendeu a mãe, e resistentes para
que novos casos desta magnitude não passem impunes.

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