Política e representatividade negra

Os índices ainda tímidos da participação da população negra na política precisam ser ampliados


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Foto: Freepik

Desde o ano de 2020 existe a discussão da importância dos partidos políticos serem mais plurais, incluindo um número maior de mulheres e também de pessoas negras. No entanto, com o passar dos anos, diversas fraudes foram verificadas, onde pessoas negras, são usadas apenas para preencher a cota determinada pela lei, as quais não recebem nem o seu próprio voto. Por isso, com o surgimento destas fraudes, há a preocupação de que se torne mais eficaz o controle destas candidaturas. Porque no Brasil o cenário político é completamente divergente do cenário social. Onde mais de 50% da população é negra, mas ocupam poucos
cargos dentro do cenário político nacional. O Rio Grande do Sul, por exemplo, não elegeu nenhum governador negro ou governadora negra, mesmo, a população negra sendo expressiva no estado.

Isso ocorre, devido ao racismo estrutural e institucional, porque estas instituições, como, as instituições governamentais, foram formadas, e organizadas a centenas de anos, quando negros e mulheres, não tinham nem o direito de votar. Então, para termos uma mudança nesse cenário, que foi construído focado na exclusão das pessoas negras, é necessário que tenhamos representantes que entendam as dores causadas pelo racismo, e quão limitador o preconceito racial pode ser na vida de uma pessoa, e que essa por mais que seja dedicada e
esforçada, sempre será uma pessoa negra, e apesar de termos grande orgulho dessa nossa característica, a sociedade ainda julga a cor da pele, antes do currículo. Ou seja, por melhor que seja o profissional negro, se não houverem políticas de ações afirmativas, incentivos para o acesso ao ensino e auxílio para a possibilidade de permanência, com apoio psicológico, não basta ser um profissional ímpar. Porque o ambiente irá lhe adoecer e fazer com que desista de seus sonhos e objetivos, por maior que seja a sua paixão por aquele trabalho.

Por isso, é tão importante que o cenário político tenha mudanças efetivas, para que sejam pensadas iniciativas no cenário macro, como as políticas de incentivo ao ensino que foram criadas pelo governo federal, depois de 4 anos de recursos reduzidos nesta área. Mas com a ajuda de personalidades como Silvio de Almeida, Anielle Franco e Erika Hilton o fomento ao ensino e a pesquisa brasileira, tem voltado a ser expressivo. Mas também é fundamental que comecem a ser pensadas iniciativas, e que sejam desenvolvidos projetos, no ambiente micro, municipal, por exemplo, para reparação de todos os anos de exclusão da população negra, que foi invisibilizada e inferiorizada. Para que dignamente possa se reerguer, e construir as narrativas de suas vidas.

Ainda é preciso ressaltar, que para estas ações afirmativas, não há nenhuma perda para as pessoas brancas. Porque as vagas que são destinadas às pessoas negras, são criadas exclusivamente para isso, além das vagas já pré-existentes para a ampla concorrência. E qualquer verba que seja destinada a estas políticas, é específica para este fim, ou seja, não é possível utilizá-la para outro setor. Por exemplo, uma verba destinada à criação de 1 bolsa de permanência para uma pessoa negra na Universidade, não poderá ser utilizada para a compra de um computador para o município, estado ou federação. Caso não haja uma pessoa apta para acessar aquela bolsa, essa verba não será aplicada em outro setor. Por isso, é de suma importância que tenhamos políticos ativos, na criação de iniciativas, mas que também realizem a divulgação destas iniciativas, para que por várias vias, estas pessoas, sujeitos de direito, possam acessá-los. Porque ainda hoje, existe uma grande dificuldade de acessar editais, que normalmente possuem uma linguagem mais técnica, o que acaba interferindo na participação de pessoas com baixa escolaridade, ou que não estejam habituadas a lidar com tais processos seletivos.

Que sejamos políticos, que criemos o caminho, para que as pessoas negras, dignamente possam acessar os seus direitos.

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