Que tipo de poder sai da sua boca?

No livro “Os quatro compromissos”, o autor Don Miguel Ruiz sugere que, para termos uma vida mais plena, devemos ser impecáveis com a palavra


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Foto: Dirce Becker Delwing

Esta semana fiz a maior confusão no grupo de WhatsApp da Academia Literária. Antes de contar o ocorrido, preciso explicar que usamos o espaço para compartilhar informações da Academia, trocar ideias, sugerir leituras, divulgar e organizar eventos, entre outras funcionalidades. É o lugar virtual onde também lembramos de datas comemorativas, como os aniversários dos acadêmicos. Nos últimos anos, uma colega e eu cuidamos da tarefa de informar ao grupo os aniversariantes do dia. Para não esquecer, escrevo o nome do aniversariante na agenda. Minha colega faz o mesmo. Combinamos que, quem se lembra por primeiro, posta no grupo. De um modo geral, sempre funciona bem.

Dirce Becker Delwing (Foto: Arquivo pessoal)

Acontece que, na quarta passada, quando olhei a agenda, vi que tinha tomado nota do nome do acadêmico João Paulo como aniversariante do dia 13 de fevereiro. E, por um descuido, até por ter sido feriado de carnaval, me esqueci de conferir e avisar a turma.

Para me desculpar do atraso, escrevi um texto fofo e postei. Poucos minutos depois, outros colegas já tinham deixado os seus cumprimentos, o que é um costume entre nós.

Até aí estava tudo bem. Pensei que meus colegas fariam vistas grossas para meu atrapalho. Copiei errado da tabela. Até brinquei que, se o ano começa depois do carnaval, ainda está em tempo de celebrar. Mas, o pior estava por vir. Não demorou muito para que o suposto aniversariante se manifestasse. Poético e sagaz, João Paulo escreveu que devia haver uma confusão. Sim, ele nasceu em fevereiro, mas, diferente do informado, o dia certo é 25.

Foto: Dirce Becker Delwing

Fiquei sem graça, escrevi um novo texto. Dessa vez, pedindo desculpas pelo atrapalho, com a expectativa de que, depois disso, os cumprimentos se encerrariam. Não deu certo. Quem leu apenas a minha primeira publicação, não pensou duas vezes. Foi lá no grupo parabenizar o João Paulo. O fato é que a confusão já estava em andamento. Engoli em seco cada mensagem que via chegando. Sem dúvida, as palavras dirigidas ao aniversariante foram bem intencionadas e bem recebidas, mas eu me sentia desconfortável por ter induzido meus colegas ao equívoco.

Fiquei depois pensando no poder das palavras. A situação referida não gerou nenhum dano significativo, apenas acentuou a fama de atrapalhada que carrego comigo desde criança. Mas, e quando a informação errada é repassada adiante e causa prejuízos? Como puxar de volta palavras mal empregadas, grosseiras ou descabidas para a situação? Como reverter uma fofoca? Como substituir comentários equivocados que feriram a imagem de alguém?

No livro “Os quatro compromissos”, o autor Don Miguel Ruiz sugere que, para termos uma vida mais plena, devemos ser impecáveis com a palavra. Parece simples, mas é extremamente poderoso. “A palavra é a ferramenta mais forte que você possui como ser humano”, tanto para construir como para destruir. O autor reforça que cada ser humano é um mágico. “Através da palavra podemos não só encantar como libertar alguém de um encantamento. Lançamos feitiços a todo instante com nossas opiniões”, escritas e mensagens repassadas aos outros. Quer um exemplo? Em poucos instantes, criei uma festa virtual para um aniversário que ainda está por vir.

Texto por Dirce Becker Delwing, jornalista, psicóloga e psicanalista clínica 

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